Há
certos momentos em nossa vida que o tempo bate a nossa porta cobrando aquilo
que a muito tempo nós já viemos procrastinando. E quando isso acontece não
podemos mais negar, não podemos infelizmente pedir um prazo.
Ele
demora a chegar, mas quando chega... Ele vem para ficar e somente se despede
quando tudo está de cabeça para baixo. Quando de costas ele dá uma risada sarcástica
e diz com seu peito cheio de ar: “Eu avisei!”.
Porém,
assim como nem tudo é flores, graças a Deus, igualmente nem tudo são trevas. “Somente
à noite podemos sentir o perfume da água claramente. O sol tem odor demais para
permitir que a água iluminada por ele nos deixe sentir o seu.” (Essências e
Alquimia - Mandy Aftel).
Em
meio a este reboliço, fiz uma tiragem deveras simples, com uma técnica que
determinei e criei durante o embaralhar e a tiragem das cartas, que consistia
em, somente com os 56 Arcanos menores (pois estes se tratam de assuntos e
experiências corriqueiras do dia-a-dia, e não queria, inicialmente, uma análise
profunda do que estava acontecendo).
Pois
bem, as cartas que saíram foi:
Oito de Copas 9 de Espadas
Determinei
da tiragem que a primeira carta falaria um pouco do que de o consulente estar se
sentindo de tal maneira, e a segunda carta um conselho rápido, do que poderia
ser feito de antemão.
Pois
bem, inicialmente podemos perceber que esta junção copas-espadas se diz
respeito a problemas relação a emoção-pensamento, por se tratar de um problema
sério (do qual eu conheço muito bem o problema, porém não é legal comentar aqui
no blog) poderia já de inicio falar que é uma neurose, ou regressão, isto é,
alguma emoção não muito bem resolvida, ou uma situação não muito bem resolvida
que se deixa afetar pela emoção, que ocasiona numa fenda ou numa ‘tatuagem’ no
pensamento.
A
primeira carta, 8 de copas, normalmente compreendida ou relacionada com a “coragem”
fala justamente do que em síntese disse nos parágrafo anteriores, este arcano
nos remete sobre um momento de muita reflexão, de olhar para dentro de si, na
tentativa de realizar um julgamento equilibrado e seguro, quando de repente
vê-se obrigado a abandonar sua passividade diante do problema, falando em
problema... O grande problema, que esta carta nos avisa é que a não-perca da
passividade pode acabar gerando uma fixação de pensamentos, um remoer da
situação, um remorso.
No
tarot de Edward Waite vemos, como na
figura ao lado um homem abatido que abandona suas 8 taças de ouro, sob a
introspecção da lua, que está minguante e cheia, nos remetendo a frase que
utilizei no inicio do post, “sob a luz da lua, podemos sentir a real fragrância
das águas” significando que ‘na noite escura da alma podemos perceber o valor
cru das coisas que nos rodeiam’. Estas taças podem ser visualizadas como a sua
felicidade, esforço, ou preocupação anterior, já que esta antecede o arcano 7
de copas, onde o mesmo é compreendido como um homem vendo visões fantásticas
das copas.
No
geral podemos dizer, com até mesmo uma gíria que nesta jogada a carta
representa “a casa caiu”. A carta 8 de copas, é vista no Petir Lennormand como
a carta da Lua, que também podemos dizer que indica uma grande introspecção.
Quanto
a segunda carta, 9 de espadas. Espadas é a carta do pensamento. Trago para
reflexão a interpretação desta carta feita por Aleister Crowley, no seu livro “O
Livro de Thoth”:
“O
número nove, Yesod, traz de volta a energia ao pilar central da Árvore da Vida.
A desordem anterior [ele refere-se à carta oito de espadas] é agora corrigida.
Mas
a ideia geral do naipe esteve em contínua degeneração. As Espadas não representam mais o intelecto
puro tanto quanto a agitação automática de paixões cruéis.
A
consciência se precipitou num domínio privado da luz da razão. Trata-se do
mundo dos instintos inconscientes primitivos, do psicopata, do fanático.
O
regente celestial é Marte em Gêmeos, fúria grosseira de apetites atuando sem freio.
Embora sua forma seja intelectual, é a disposição mental do inquisidor.
O
símbolo mostra nove Espadas de comprimentos variáveis, todas se dirigindo com
suas pontas para baixo. Estão repletas de mossas e enferrujadas. Veneno e
sangue gotejam de suas lâminas.
Há,
entretanto, uma maneira de lidar com esta carta: a maneira da resistência passiva,
resignação, a aceitação do martírio.
A
fórmula da vingança impiedosa não é tampouco contrária.” P.234
Podemos dizer então,
nesta caminhada que o consulente faz para distante de suas copas, para dentro
de si mesmo, que determina num ato de coragem (sim, pois a maioria das pessoas
tendem a olhar para fora, o olhar para dentro muito vezes é perigoso, o que
determina um ato de coragem, brigar com os dragões interno), ele encontra estas
nove espadas cortantes, pingando sangue e completamente enferrujadas, no
interior de sua psique. E como determinado inicialmente, que esta segunda carta
seria um conselho, posso dizer, que inicialmente esta carta mostra também a
necessidade do consulente fazer um trabalho dentro de si que seja perseverante,
a fim de limpar cuidadosamente estas espadas e colocar num lugar apropriado,
onde não possas machucar ninguém.
Este trabalho tem por
objetivo livrar-se daquilo que significaria uma estabilidade enganosa, onde o
empenho nestas seria um gasto de energias em vão, paralisando assim a evolução.
Percebam como as cartas
se encaixam, como um rizoma, que num determinado caminho de exploração, elas se
cruzam e mostram que estão interligadas. A carta de 8 de copas, nos fala de um
homem que deixa suas taças de ouro, e a carta nove de espadas nos lembram de
trabalhar estas questões, de traçar objetivos a fim de não mais gastar estas
energias em vão.
No Petit Lenormand e no
Baralho Cigano, a carta nove de espadas é representada pela Âncora, que
representa, também que “o momento de compreender que a segurança e a
estabilidade, material e emocional, resultam unicamente da fé” (G. Spacassassi),
que pode ser interpretada este conceito “fé” aqui, como um traçar objetivos.
Fico por aqui,
refletindo.
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