Além dos Cosmos
A
mitologia grega evoca o enfrentamento entre o Caos e o Cosmos como uma
sequencia temporal, como uma série de acontecimentos que se encadeiram em um
passado distante. Primeiro existia um Caos e depois vieram os Deuses e impuseram
por sua força o Cosmos, sua ordem, e há onde vivemos hoje.
Porém,
Freud nos ensinou a ler os mitos não implantando como história e relatos sobre
o tempo e espaço, mas sim como símbolos que servem para representar as forças
simultaneamente presente no universo interior.
Édipo
não matou o Rei Laio em alguma tarde que remonta a história mítica de Tebas,
mas sim Édipo mata constantemente cada psique masculina. De mesmo modo, a luta
do Caos e do Cosmos não teve lugar, isto é, não ocorreu y terminou em alguma
era distante, mas se sucede perpetuamente dentro de cada ser humano.
O
caos não se extinguiu, mas se segue rugindo debaixo da visão de mundo domada,
arrumada, do mundo social que regem os nossos pensamentos e os desejos da
maioria. Em cada um de nós existe um Prometheus que se reboliça e quer
arrebatar incessantemente os Deuses da chama da nossa vida,embora exista também
a mais possível derrota e o triunfo total da autoridade divina. Como cada vida
é um universo inteiro, cada espírito humano é uma cosmogonia.
A
luta permanente de nossos titãs contra nossos Deuses, de nosso Caos primordial
contra nossa Ordem imposta, nos fada, a cada um com nossos mundos específicos,
como personalidades concretas. Tudo depende de que leis estão prevalecendo
(caos ou ordem?), mas em cada um para 'acalmar' ou conseguir 'passar por cima'
de deu Caos, se faz necessário conseguir alcançar e trair seu Prometheus.
Enquanto
o Caos pertence à carne, ao vital, ao corporal (e o cérebro como parte deste
corpo, pois o cérebro é também massa corpórea), e os desejos; O cosmos pertence
ao mundo das ideologias, das crenças, do que é aprendido frente ao que
experimentamos. A vitória do Cosmos sobre o Caos já é um mito velho e repulsivo
do triunfo da Lei sobre a vida. Fiat
iustitia et pereat mundus.
É
a derrota do mundo real, "material", nas mãos do mundo intangível o
tão falado "mundo das ideias": o embrião de todas as religiões. O
Caos é o que existe, e a desordem natural do mundo, que cria e destrói
magnificamente sem cessar. O Cosmo é somente uma interpretação do mundo, tão
retorcida e inadequada que necessita denegrir o Caos para poder ser explicado.
Os altares vazios
Não
há leis no Caos, somente forças fatídicas que buscam ocasiões propícias. Não te
acontecerá nunca nada agradável devido ao fato de você rezar a São Tomás todas
as noites, nem ganhará dinheiro se colocar ramos de salsinha sobre a imagem de
São Pancrácio. Tampouco te “tocará” o bilhete de loteria se o esfregar duas
vezes sobre o balcão da tabacaria, nem te retornará triplicado o dano que
produzir com um pentagrama.
Nenhum deus ou deusa, nem mesmo a Fortuna (deusa
romana da boa ou má sorte), aguarda teus atos para te premiar ou castigar por
eles. No Caos todos os altares estão vazios. Quando crer que tuas “más ações”
estão levando-te objetivamente à desgraça, não deveria enganar-te com Jeová ou
o Karma: é somente você mesmo que te castiga, só teu próprio arrependimento e
teu autodesprezo que estão te envenenando. No Caos somente existe o presente, o
tempo de agir. Cada ação consegue coisas diretamente por si mesma, não como
plano da previdência para uma recompensa futura.
Sortilégio
Pior
do que a consciência da morte é, para os covardes, a constatação de que nada
pode dominar as tormentas do Caos. Por isso fecham os olhos, renegam o feroz
Prometeu e cantarolam as temerosas litanias do Cosmos. E logo se desesperam
aguardando a recompensa que creem merecer por seu comportamento.
adestrado, e como esta nunca chega, acabam renegando a vida. Antes blasfemam contra a vida do que contra a justiça de seus deuses, assim são obedientes e pusilânimes. Porém se houvessem desencadeado seu Prometeu e lhe permitido que se lançasse a conquistar o céu, saberiam que não é o objetivo da vida deter as tempestades do Caos, e sim aprender a cavalgar sobre elas, saber tomar impulso com suas forças grandiosas.
Não há leis às quais apelar no Caos, somente destinos
inexoráveis que por valentia temos o direito de triunfar ou por temor estamos
convocados a malograr. Nada explica melhor que a Grande Besta como se galopa o
Caos: “Aquele que realiza sua Verdadeira Vontade tem toda a inércia do
universo a seu favor”.
Traduzido e Parafraseado por: Leonardo Andrade
Fonte: http://bailespiritu.blogspot.com.es/2014/01/cabalgar-el-caos.html
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PAZ E LUZ MEU AMIGO!!