quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Rituais Wicca e sua Pluraridade



“Prometi não me intrometer. E mantive minha promessa. Mas confesso que quis coletar alguns testemunhos. Conversei com um camponês cujo campo, em virtude de um rito de fertilidade, passou a produzir três vezes mais que os campos vizinhos. Ele não sabia exatamente o que os feiticeiros haviam feito, mas sentia-se altamente reconhecido. E nem queria saber. Mas eu sim: e soube que numa determinada noite de lua nova houve danças de fertilidade em alguns lugares do campo, executadas por feiticeiros e feiticeiras totalmente nus.”

O Deus Chifrudo Ressurge na Inglaterra - Por George Langelaan

Fonte: Revista PLANETA – Junho 1973, n°. 10 (Editora Três)


        Rituais tanto são meios de culto, quanto são métodos de comunicação com deidades e espíritos ancestrais de nossa egrégora, através de uma linguagem simbólica que nos permite acessar outras dimensões, e ou estados de consciência alterados.
        Rituais são meios de ligação com as energias e poderes, tanto pessoais quanto naturais (ritos sazonais). Os Fluxos de energias (ano Crescente e Decrescente) alimentados pelos rituais influenciam nossa vida, e o aproveitamento desses fluxos e períodos de poder, marcados pelos Sabás e Esbás provocam mudanças significativas em tudo o que nos cerca e em nosso próprio interior.
        Uma das primeiras observações de nossos ancestrais foi a passagem dos ciclos naturais, as mudanças das estações que, inegavelmente estavam ligadas à sobrevivência dos clãs. A Roda do Ano é um calendário astral que cultua os eventos ocorridos na natureza em relação ao posicionamento geográfico de um determinado local em função do eixo da Terra, quando de sua órbita solar.
        O caminhar na Roda anual das festividades para os Wica, proporciona o sentido único de um despertar profundo, tanto para seus sentidos internos quanto para os externos, dilatando a própria observação da natureza circundante como algo novo e virgem, assim cada mudança dentro deste caminhar de estações e dos próprios mistérios transcorridos dentro dos Clãs em suas práticas, oferecem ao Wica uma intrincada forma para se acessar um conjunto de poderes.

  “A Srª. Wilson afirmou-me com toda naturalidade que ela realmente podia mudar o sentido do vento, fazer subir a maré ou fazer a neblina cercar a ilha, mas que jamais o fazia sem ter alguma razão muito especial para isso, sob pena de perder para sempre o seu poder.”

O Deus Chifrudo Ressurge na Inglaterra - Por George Langelaan

Fonte: Revista PLANETA – Junho 1973, n°. 10 (Editora Três)

        Mas, remontemo-nos à formação do que nos é possível conceber sobre nossa própria ‘arquitetura ritual’. Primeiro, podemos observar a composição de nossos rituais, como uma seqüência de antigos sincretismos, se puder chamar assim, nomeado futuramente por ‘Wica’, como Martinez descreve:

”O "culto das bruxas", a Arte, ou que nome alguém possa dar a ele (passou a ser chamado "Wica"), é o resultado de inúmeros sincretismos através dos séculos.”

        E ele continua, estabelecendo algumas das influências que determinaram a Ritualística Wicana atual:

        “Então para que você entenda melhor isso, vamos falar sobre o que sabemos sobre essas influências de diversas fontes e épocas.

a) Creio que uma das primeiras influências de que me lembro, são as migrações de povos do Oriente para o que conhecemos como Europa mediterrânea. Esses povos migraram de Çatal Hüyuk, mas não sabemos o motivo dessa civilização ter sido abandonada. Esses povos trouxeram os fundamentos do culto da Grande Deusa.

b) Os pictos eram um povo de pequena estatura que vivia nas charnecas da Bretanha; pintavam o corpo de azul esverdeado (daí a idéia que chegou até nós das fadas sendo verdes, até mesmo nos filmes e nos desenhos de Walt Disney) e por isso andavam nus. Claro que os ritos praticados pelos pictos seriam em nudez, porque eles viviam assim.

c) Nós também sabemos que muitos séculos depois, durante as invasões normandas,  os povos bretãos, franceses, espanhóis, etc.,  assimilaram elementos da religião normanda: vendas, cordas e nudez,  por exemplo. Nós sabemos que isso nos foi trazido por esses povos do norte, devido aos corpos encontrados  nas turfeiras da Dinamarca. Eram corpos de ambos os sexos e de todas as idades. Estavam nus,  com vendas nos olhos e com os braços amarrados nas costas. Os Normandos trouxeram o fundamento da liderança feminina, que foi assimilada pelos povos que viviam na França e Portugal.

d) Em seguida, outra fonte que forneceu muito do sincretismo absorvido pela bruxaria européia, foi a invasão moura na Península Ibérica. Os mouros eram um povo do norte da África e do Oriente Médio que trouxeram, lá pelo século VIII, práticas como a do Açoite,  a magia sexual, e os beijos rituais.  Essa foi a contribuição dos mouros para a bruxaria européia e que com o passar dos séculos é hoje conhecida como "Wicca".

e) Depois temos a influência dos Templários e da magia medieval. Os Templários também trouxeram elementos da magia oriental. Afinal passaram alguns séculos no Oriente.  A adoração do bode,  a nudez ritual,  o cordão ritual, etc.,  são contribuições dos Templários.

f) No nosso caso em particular, existe a influência cigana, via bruxaria francesa e Old George Pickingill no século XIX.

        Por essa pequena amostragem, você já pode perceber que a Arte incorporou diversos elementos estrangeiros, sendo que muitos deles eram praticados em diversos lugares diferentes e eram comuns, como por exemplo a nudez ritual (...)”


        À partir disto podemos traçar uma linha que estabelece nosso corpo ritual, ou nossa Liturgia, esse pode ser considerado a ‘matriz’ ou a ‘base’ na qual ‘todos’ os rituais Gardnerianos podem ser concebidos (com algumas poucas exceções, como no caso deste ser, por exemplo: uma iniciação, uma elevação, e ou outros rituais reservados somente a iniciados, e ou aos Elderes). 



HP Baco Liber

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MUITO OBRIGADO POR COMENTAR!

VOLTE SEMPRE!!

PAZ E LUZ MEU AMIGO!!