Onde definimos magia, mago, Deus,
religião, explicamos as forças que sustentam os universos e ensinamos como dar
um soco na cara da realidade sem ser incriminado por lesão corporal
“Magia é o ato de evocar poderes e mistérios Divinos e colocá-los em ação, beneficiando-nos ou aos nossos semelhantes.” - Rubens Saraceni
“Magia é a ciência exata e absoluta da natureza e de suas leis.” - Eliphas Levi (1810 – 1875) – História da magia
"Magia é a ciência do controle das forças secretas da natureza.” - S.L. Macgregor Mathers
“Magia é a aplicação da vontade humana, dinamizada, à evolução rápida das forças vivas da natureza.” Papus – Tratado Elementar de Magia Prática
“Magia é a ciência e a arte de usar os poderes invisíveis para produzir fenômenos visíveis.”- H.P.Blavatsky
"Magia é a ciência e a arte de causar mudanças de acordo com a vontade.” - Aleister Crowley
Talvez esta seja a
questão mais dispensável deste blog. Se você o esta lendo, é porque já tem seu
próprio conceito de magia (ou não) e está apenas em busca de conhecimentos
práticos. Os livros a respeito são cheios de teoria e
descrição de experiências
místicas para engrandecer seus
autores, mas poucos
colocam ensinamentos práticos no foco principal. Criar um séquito de
admiradores pode ser mais tentador do que dar a tais possíveis admiradores
ferramentas que possam
fazê-los inclusive superar os
autores dos livros no
caminho da magia.
Porque então me
proponho a responder
a uma questão aparentemente
tão irrelevante?
Por um
motivo simples: nem sempre as pessoas tem uma visão clara da magia
quando pretendem estudá-la ou praticá-la.
Quando algo
extraordinário acontece muita
gente tem o costume de dizer que “parece magia”. Magia no senso comum é
aquilo que vai contra o que é esperado da realidade prática,
aquilo que dá um coice
na realidade instituída.
Podemos dizer
que três forças
diferentes conjugam-se para equilibrar
a realidade: as
forças exteriores de manutenção
do universo, que
é Deus, os deuses, os padrões eternos, o grande
arquiteto, ou seja lá qual nome você
deseje dar. A força
da realidade consensual, ou seja,
o chamado inconsciente coletivo, que é uma espécie de fusão da noção de
realidade de todos os seres e os paradigmas de realidade individual. Colocando de forma simplificada: A mente
suprema, o conjunto dos seres sencientes e as mentes de cada indivíduo.
Entender estas três forças
é essencial para você não se
confundir e fazer
um samba do
crioulo doido e prejudicar-se ao invés de evoluir na senda
mágica. Existem tradições que desprezam alguma das três forças: algumas religiões
procuram
suprimir, ou até
mesmo oprimir os paradigmas individuais, elas pregam que
apenas as forças supremas, ou seja,
Deus, importam. Nós somos seres miseráveis sem qualquer poder cuja
única possibilidade de salvação é nos
religarmos com tal
força suprema, fora disso, estamos ferrados.
A revolta
contra tal paradigma
criou uma linha oposta,
e igualmente maléfica,
aquela que prega
que apenas o paradigma individual conta, sua mente é tudo, o que está
fora dela não interessa. Alguns usam o
velho bordão do Caos “nada é verdadeiro.
Tudo é permitido” como forma de impor tal linha de pensamento. É uma distorção do brocardo caótico, que será
analisado mais à frente em detalhes. O
que interessa neste ponto é deixar claro
que negar uma
força externa à
nossa mente que contribui para a sustentação da
realidade gera inúmeros prejuízos ao
caminho do magista, uma vez que lhe tira
alguns referenciais indispensáveis e
nega inclusive o caráter ascensional da magia.
Pensemos se não existe
nada exterior à nossa mente que sustenta a realidade, como a realidade era
sustentada antes de existirmos? Que
mente a sustentava? Se nada, absolutamente
nada é verdadeiro, se eu decidir que a lei da gravidade não existe os planetas
se chocarão uns com os outros ou cairão no espaço infinito? Como vemos, é uma posição
tão frágil que não resiste a um único argumento. Claro, você pode decidir ignorar
tais forças exteriores em suas práticas mágicas e se limitar apenas à sua
mente, mas a despeito disto
os planetas continuaram
belos e majestosos em suas respectivas
órbitas até a ordem dos tempos decida o contrário, e não sua mente
limitada. Existem ainda quem use o mesmo
bordão caotista para negar até mesmo a força do inconsciente coletivo. “Nada é
verdadeiro, minha mente
tudo pode moldar” alegam estes. Ora, considerando que
existem mais de sete bilhões de pessoas vivem sobre este planeta, querer que sua mente
mande em absolutamente
tudo é subestimar todos os outros inquilinos de
Gaia. Será que as mentes dos outros sete
bilhões vão simplesmente
ficar estáticas enquanto eu moldo
o universo inteiro à minha vontade?
Seria até legal que o
fizessem, mas é mais sensato não contar
com isto. Enfim, existe uma
realidade instituída, e
ela se constrói a
partir da interação
das três forças
relatadas. Destas, a primeira absorve tudo, para a energia super emanada é
impossível. A segunda
é limitada, sendo
o inconsciente coletivo uma
espécie de soma das realidades individuais, ele se altera de acordo com o
tempo, o lugar e a cultura, sendo maleável
e inconstante. A última força, nossa mente, também é ilimitada, pois é
feita à imagem e semelhança da fonte suprema, somos os deuses de nosso próprio universo,
podemos moldar nossa
realidade individual à nossa vontade, sim “nada é verdadeiro. Tudo é permitido”
na medida em que minha mente pode voar para onde eu deseje, nada é capaz de
aprisioná-la ou suprimi-la se os instrumentos corretos para o seu despertar
forem utilizados. Deixando claro que o princípio caótico é sábio e correto,
sendo desprovida de
sentido apenas a interpretação que alguns praticantes dão a
ele.
Como vivemos em grupos,
a realidade consensual de nossa sociedade
nos diz o que
é possível e
o que é impossível.
A força suprema não se prende a ela, nem a nossa mente.
Quando nossa mente
se choca com a realidade consensual
ela pode se
dobrar e aceitar
a verdade de todo mundo ou dar um tapa na cara da mesma e fazer algo que
ela diz que é impossível. Isto se chama magia.
Quando a praticamos, chegamos mais próximos da força suprema ilimitada. Então qualquer um pode ser magista, é só fazer
algo que as pessoas
acham impossível? A
questão é mais profunda do que isto. Um milagre, uma
cura espiritual, um servidor ou um sigilo, tudo se enquadra no conceito de magia,
mas não é porque realizamos tais efeitos que nos tornamos magistas. O mago é
aquele que faz isso sabendo que está fazendo, sabendo quais mecanismos estão
sendo movimentados. O que não significa que alguém que o faz sem saber não
possa ascender, tal critério é estabelecido apenas como uma forma didática de
classificar magistas e não magistas, sem desmerecer o caminho de nenhum dos grupos.
Se você
realiza um milagre,
mas sua mente
é condicionada a achar que só a força suprema pode realizar aquilo
através de você e que sua mente sozinha não tem poder nenhum para realizar
nada, você é apenas religioso. Se
você não é
religioso mas consegue
lançar um mal olhado ou curar alguém por imposição de
mãos mas não conhece que mecanismos levam a isto, você é um leigo. É neste ponto que entra o ocultismo.
Ocultismo é o estudo das leis ocultas do universo, seus mecanismos e funções. Então todo mago precisa ser um ocultista. Ou seja,
além de dar tapinhas na cara da realidade consensual, ele precisa conhecer as
leis que regem estes tapas. Se você estuda
estas leis mais não pratica, você é apenas ocultista, ou estudioso da magia e
do oculto. Se você estuda, pratica e consegue efeitos práticos, você é um mago.
Então, venha para o barco e ajude a
remar, que a viagem é longa.
Texto originalmente escrito por Ian Morais.
Muito bom cara....
ResponderExcluirGostei muito de como colocou sua definição de magia.
Muito obrigado mano ^^
ExcluirApesar de que esse pensamento é compartilhado pelo Ian Morais, a ideia original é dele!