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domingo, 22 de novembro de 2015

Um pequeno diálogo: A indecência pode ser saudável!



Figura 1 por  Mark Rothko, No 301, 1959 (via Daily Rothko Tumblr Blog).

Lucio: Estou a pensar sobre estes camelos Mara, eles não passam pela metamorfose? Será que ainda chegará o tempo deles...? Será que o grande meio-dia estar por voltar sobre si mesmo, neste grande plano que estes caminham, sem um horizonte aparente? Estou incerto, parecem demasiados camelos! Subitamente camelos, perdidos a fio, carregando o peso de seu niilismo!
Marta: Quem caminha pelos desertos aprendem muito na ingenuidade Lucio!
Lucio: Ah sim. O “Leão da tribo de Judá” aquele que vaga pelo deserto, muitos povos se convertem, e se converteram em leões! Mas, pobres de si mesmo, e ainda como leões, matam os filhotes da leoa, suas próprias crias, suas próprias crianças, para instituírem o seu harém... não sobra tempo para as ingenuidades e para as crianças nesses lugares. Às vezes é preciso um deserto para completar a transmutação.
Marta: A indecência pode ser saudável, necessária até, desde que ela não vá para o cérebro, como diz bonito o D.H. Lawrence.
Lucio: Oh sim, bem lembrado Marta! Sei que foi leitor de Nietzsche, não? Lembro passageiramente de uma frase sua também. “Eu amo a floresta. É ruim viver nas cidades: ali são demasiados os que estão no cio! ”.
M: Os desertos, florestas... carregam muito dessa potência. É preciso destruir-se, para dar vazão há transmutação, há afirmação.
J: Carregar desertos jamais, florestas nem pensar. Mas sim deslizar por sobre ele, fazer dele um local de experimentação, deixar passar os fluxos, não como um grande sábio ou ermitão há procurar. A questão da procura, é estar aberto somente, as forças já estão aí, a alquimia está justamente no trabalho destas forças. Compor o plano, compor o espaço.
M: Insanidade... Insanidade... “Mas se alguma delas for para o cérebro, aí se torna perniciosa[1]”.
H:



[1] Poema: ‘A indecência pode ser saudável’ de D. H. Lawrence. Disponível em: http://poesiaparaninguem.blogspot.com.br/2006/12/indecncia-pode-ser-saudvel-d-h.html>. Acesso em: 07/09/2015

Documentário "Em busca do Espaço Cotidiano" [Jung]


Documentário realizado entre 1983 e 1986, de Leon Hirszman. O filme aborda três casos clínicos da grande psiquiatra Nise da Silveira, que, inspirada pelas teorias de Jung, revolucionou o tratamento de pacientes com sua abordagem humanista e a cura através da arte. Ao longo de anos, Dra. Nise coletou pinturas, desenhos e esculturas realizadas por seus pacientes, até fundar, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente.

domingo, 19 de outubro de 2014

Metafisiologia do Olho Apaixonado


A vida resguarda em si, inúmeras surpresas; É neste sentido em que muitos, ditos filósofos, detentores do pensar, afirmam as multiplicidades. As multiplicidades do encontro, do saber, do olhar, e, sobretudo, do amor.

Das várias formas de amar, de se apaixonar. Das várias formas também de olhar o amor, os signos correspondentes desta multiplicidade/singularidade.

Meio a tantas multiplicidades, em que lugar fica as repetições? Eventos casuais, que aparentemente parecem que nunca mais hão de se repetir. Verdadeiramente impossível. Mas há casos especiais, há casos estritamente espirituais, que hão de acontecer sim, de forma semelhante.

É ai, neste sentido, que entrar o olho. Que certamente, num local diferente, momento, duração e memória diferente, olhará ele, pois então, por sua fisiologia complexa, de forma diferente.

Assusta-me o fato, de haver poucos escritos a respeito do olho. Parte elementar do sujeito humano, enquanto singularidade e coletividade. O olho é social, individual. O olho é dos fantasmas, das potências, do medo, da alegria, do pai, mãe, mas também de todo o mundo. O olho comporta também, atualidades, virtualidades. A forma de como o olho empreende a vida, está intimamente ligada aos músculos que a ligam, que o move. Extensividade e intensividade. Rigidez e flacidade.

O olho é um órgão bastante interessante, sem dúvida. É a nossa “parte” mais espiritualizada corpórea. É com o olho que se dá, se fabrica, engendra, reflete todos os estados do espírito. Os olhos são os espelhos da alma. Ele é intimamente movido pela multiplicidade. Com movimentos sempre de dentro para fora e fora-dentro. Dentro-do-fora, fora-do-dentro...

Os olhos tem um papel fundamental, também, no aprendizado. Não que seja engendrado ou funcione somente para isto, para esta faculdade. Como multiplicidade, os olhos são todas as faculdades possíveis, como já ditas, até das faculdades espirituais. Não pense que somos segregacionistas, ou hiperbóreos por dar esta supervalorização aos olhos, excluindo assim, deste texto, aqueles tidos como “cegos”. Não é somente destes olhos que estamos falando. Os olhos podem tomar posições, locais de afectos e afecções de formas múltiplas, apoiando sempre a diferença. Há o ditado: Enxergar com os ouvidos e ouvir com os olhos.

Desta forma também os olhos são os órgãos, potência, que mais se cansam do corpo. De todo o corpo. Pois a todo o momento, ele está a ver, perceber, olhar, decifrar, interpretar os hieróglifos, signos, que a todo o momento o violentam. Mas ele não o faz alvo de coitadismo por isso, o contrário.

Há, inclusive, um tipo específico de signos que arrebata os olhos, o contraria de forma tão acirrada que me sinto forçado a comentar algumas linhas, a respeito. São estes, os signos da paixão.

Comentarei, no entanto, um tipo específico, por conta da complexidade do tema. Um tipo especifico que acomete os olhos de forma que o contraria de todas as formas. As paixões induzidas por coincidências (repetições) espirituais (diferença).

Grosseiramente, no âmago das multiplicidades, muitas vezes relacionadas com o caos, pensar em repetição para muitos pode até mesmo ser um tanto quanto contraditório. Não é bem assim, digo. Há certas repetições que acontecem, por que são determinadas por alguma entidade superior. Coincidência.

O exemplo, de se encontrar com uma pessoa que lhe toma, arrebata aos olhos, arrebata todo o corpo, de forma tão complicada... O signo se enrola de tal maneira aos olhos, que é quase impossível dele se conter, quase impossível dele se soltar, relaxar.

Seus músculos ficam tão enrijecidos, apaixonadamente, que apesar do signo se enrolar de maneira tão complicada, tão amarrada, tão agressiva, a ponto de marcar a pele, aos olhos, ao espírito, a essência, que toda esta violência torna-se prazerosa. É neste sentido que somos todos masoquistas.

Neste momento, a dor é tão apavorante, e igualmente prazerosa, que pode um pequeno limiar podemos dizer que parcialmente nós arrebatamos no sentido mais puro da palavra, é possível sentir a quase-morte/arrebatação com o corpo frio, a a-subjetividade; A duração e o tempo dissipa-se. Por um curto período de tempo (metodicamente podemos dizer que alguns milésimos de segundos) não nos conhecemos, não reconhecemos gênero, raça, cor, nacionalidade...

Somente a vida a favor de sua diferença, a vida a favor dela mesmo, sua multiplicidade e suas misturas. Neste sentido podemos re-afirmar também o discurso que o pensamento só vem depois.

Ao voltar deste arrebatamento é que vamos engendrar o pensamento para decifrar toda esta violência a que fomos asujeitados.

Por estarmos perplexos, e a criação denotar um certo tempo, o signo por vezes pode escapar, estes costumam ser um pouco Trickster.

Porém, há ainda a re-afirmação de vida, que é necessária que surjam estas de dentro, interiormente, mas que podem sim ser produzidas a partir de um encontro. Num encontro potente. Estas re-afirmações de vida, seriam o que, comentado anteriormente, as coincidências espirituais. A repetição que traz consigo a sua diferença.

O reencontro com o signo, este signo Trickster, até então impossível devido à multiplicidade que comporta a macropolitica do qual ele está envolvido, todo o território, porém agora carregado de toda diferença, que trará assim imagens aos olhos, experiência, violências, complicações, inquietações, embriaguez completamente novas e distintas. Afirmando mais uma vez a vida e toda a sua mistura.

Exemplo, o primeiro encontro: Dante está num dia completamente distinto, pagando uma conta, num banco qualquer, longe de casa, nem perto de onde costuma andar, ou pagar suas contas. Encontra um moço na fila do banco. Sem contato pois Dante foi arrebatado.

Segundo encontro; Ao virar a noite, após uma noite cheia de problemas e pensamentos arredios, mergulhado num tédio sem fim; Dante, ao amanhecer, sai para caminhar, esfriar a cabeça, pelo bairro, sem destino, prometendo somente entrar por ruas antes, nunca entradas, somente para caminhar e fumar um bom cigarro de palha. No meio do caminho, ao finalmente se sentar e pegar o cigarro, por coincidência espiritual, acaba por encontrar o moço, o Trickster, novamente. Filho de Telekompensu, o caçador e pescador.



sábado, 27 de setembro de 2014

Do ficar em cima do muro, da inutilidade do caminho do meio




Não há nada mais prejudicial ao desejo do que "ficar em cima do muro". Não se colocar em posição alguma, não engendra máquina alguma, que não seja a máquina de ociosidade. Ao se colocar em determinada posição, o desejo engendra, criando rizomando-se, criando multiplicidades, pois há um objetivo, que não lhe falta, mas que lhe excede. Por exemplo, se as circunstâncias me afeta de tal forma, que circunstancialmente, por questões maquínicas de desejo, eu escolho/desejo ir até Roma. Eu criarei métodos, bruxarias, falcatruas para que eu deseje lá. Ao contrário, de quem fica no mundo, ficar no muro, é sinônimo de ideais ascéticos, é sinônimo que não querer por a "mão na merda", é sinônimo, de não desejar, e comer o que lhe servem a mesa. Não há nada mais reativo, que "ficar em cima do muro", pois até mesmo a dominação, parte do desejo. Como é o caso dos masoquistas. O ficar em cima do muro, é não se reconhecer com nada, nem ninguém, e na mesma proporção que eu não escolho ninguém, eu escolho a todos ao mesmo momento. Sujeitando-me aos desejos outros. Sujeitando-me o ao desejo dos outros, pois me ociosidade, impede-me me engendrar sozinha, a minha máquina desejante. E isso nada tem haver com lógica, nada tem haver com estrutura, ou nada tem haver com extremos, longe de mim os extremos, pois o desejo caminha por entre pedras, por debaixo delas, até mesmo. Como diz um grande jargão: "Não existe meio termo. O muro já tem dono”.

O QUE É, POIS A UNIVERSIDADE SENÃO A REPRODUÇÃO DE UM CONHECIMENTO CIENTIFICO? Notas e pensamentos soltos.

A educação é incansavelmente tema de pesquisa em nosso país, o fomento a essas pesquisas, também é enorme e a cada dia, surge mais e mais teorias a respeito, inúmeros autores, pesquisas, teorias para conceituar, isto também implica dizer, criar ferramentas, para o ensino-aprendizagem, relação que envolve aluno e professor, e claro, vários aspectos que rodeiam esses dois. Porém, a única coisa (curiosamente) que se mantém estática nesse âmbito de pesquisa em educação, é o objeto de estudo. A escola, o professor, o aluno e toda a rede que permuta esses envolvidos. E ai, eu voltado ao titulo, o que é a universidade senão a reprodução do conhecimento cientifico?

O conceito "universidade" se vangloria de seu tripé maravilhoso que é "pesquisa-extensão-ensino", pois elas atuam de forma completamente distintas, e tal como um tripé, seus pés são quase que emergencialmente separados um do outro. O ensino, por exemplo, separa-se, geralmente (e muito) da pesquisa e catastroficamente da extensão. Resumindo-se ao ensino, poucas palavras sobre "o que é comentado na área" em que a disciplina se propõe a discutir, "fulano falou isso e aquilo" e "faça essa provinha aqui". É completamente um absurdo, pois o aluno fica muito distanciado da aprendizagem. É como se para o universitário, o "ver assunto", fosse uma garantia de que ele está aprendendo (e ai dele se não aprender).

A partir disso, nascem complicações ainda maiores, que competem à metodologia de ensino de professor e apropriamento para "passar assunto". Não há lógica mais absurda que essa, a meu ver. As disciplinas (me arrepia só por conta desse nome) se estruturam em tese, em três ou quatro capítulos de algum livro, dois artigos e duzentos e tantos slides que o professor passa em sala de aula (do qual alguns alunos, tiram fotos, pois serve para aprendizagem, de forma também muito curiosa, pois desconheço esse método) e é a partir disso que o professor "reproduz o conhecimento". E é cobrado do aluno isso. Ao sair da "disciplina", é como se o aluno fosse "mestre" daqueles assuntos, porém em minha opinião, essa é uma afirmação muito duvidosa.

E esse texto não é uma tentativa de culpabilização dos professores, não mesmo, quero deixar claro que a culpa não é de ninguém, é esta lógica de aprendizagem que é completamente fajuta, e mais ainda como reagimos a ela. Os alunos, também, que é a "parte mais importante do processo", são outros tantos "desencabeçados". A verdade é que ninguém gosta de estudar, também pudera com um sistema desses, mas que esse argumento não seja uma desculpa para "não estudo por que tem esse, esse e esse problema". Das poucas tentativas de mudança que há neste meio, pouquíssimas são aproveitadas, pois os alunos, acostumados ao ócio que se dá em sala de aula, reagem muito pouco a essas "inovações".

Ai, um reacionário qualquer, pode pensar ou escrever "ah mais ele só sabe criticar, só vem com essas ideias pessimistas querer frustrar minha ideia romântica de educação", "ele não está escrevendo dentro das normas da ABNT", "não é cientifico", bla bla bla. Acredito que só é possível mudar o macro, a partir do micro, é necessário criar microrrevoluções, para quem sabe, mudar nem que seja um pouco a estrutura do macro. E não vejo maneira adequada, para manifestar uma microrrevolução, de "maneira etiquetada", quem faz isso, para mim, ainda está sobre forças reativas. O ressentimento, diz Nietzsche, é aquilo o qual não podemos nem digerir, tampouco vomitar, criando assim o remorso, o ruminar nietzscheano. Por isso sou a favor do vômito, do escarro, do cuspir, tudo aquilo que incomoda. Tudo aquilo, que faz calar, tudo aquilo que faz apodrecer, até mesmo a aprendizagem.

domingo, 1 de junho de 2014

Armário Antropomórfico - Dali, 1936


Por Angelo Gaiarsa

Segundo o autor, este quadro ilustra alguma coisa da Psicanálise, este buscar interminável nos... escaninhos interiores (escaninhos é igual a gaveta).

O próprio olhar para dentro está na figura. Mas ai já começa a derrapada - por fora da qual - como vamos mostrar - o quadro foi muito além da intenção consciente do pintor.

Começa pelo olhar para o peito - para o interior do peito - que é de onde nascem as palavras e onde residem os sentimentos. Mas isso já não é mais Psicanálise, por que o homem freudiano NÃO tem peito.

Ao respirar sentimos na pele - que se estira - os movimentos dos arcos costais, como se eles fossem muitas gavetas que se abrem. Muitas, porém, e não apenas os cinco níveis da figura. A última sensação respiratória - a mais inferior - é a maior; é o abdômen que avança (é a gaveta que se abre) quando o diafragma desce. 

Na figura, além de poucas gavetas, vemos que a maior é a mais alta (deveria ser a mais baixa). Peito que ao respirar se abre muito para a frente e para cima: orgulho - controle (da respiração/sentimentos). Todo um peito que não se abre fácil  - e que se fecha fácil - como gaveta - quando tem fechadura (só a mais inferior tem!). 

No segundo nível, as gavetas se dividem em duas, em função das regiões mamárias, que reúnem as sensações respiratórias de um modo peculiar, em função da sensibilidade destas mesmas regiões. 

Respiração bem mais ampla em cima, área também do medo. Quando levamos um susto além de arregalar os olhos, nós puxamos o peito para cima e aí o imobilizamos.

Confirmando: a mão parece afastar alguma coisa, na certa o pequeno quadro ao alto e à direita, com nítido cunho de recordação infantil (no quadro definitivo, pintado a óleo). Lá se vê mãe e filho andando na grande cidade com trajes dos primórdios do século.

Mas, há algo de estranho, se se consideram os dois gestos da figura, o de olhar para dentro e o de afastar da recordação - em busca da qual, supõe-se, a mulher está, ao olhar para os escaninhos interiores... Resistência, claro.

Mas há explicação melhor: no peito não há memória nem imaginação; há afetos - e vida. Mas se o peito abre e fecha como gaveta, então vou sentir o que eu quero - não o que eu sinto. A respiração fabricada fabrica o sentimento. Enfim, alma vem do hebreu, anim, hálito, sopro (respiração portanto), e espirito em latim, significa vento (respiração portanto).

sexta-feira, 7 de março de 2014

A noção de obscuridade na Wicca

A maioria dos Wiccanos, isto é, os novos neo-pagãos, tem em sua cosmovisão e sabem da existência do "lado escuro" do universo. E é sobre o que vamos discutir aqui rapidamente.

O "lado escuro" do Universo e da vida como um todo pode incluir-se dentro do conceito perverso, sim ou não, a depender da crença individual de cada um. Porém no geral, podemos perceber, até mesmo na prática e com o passar dos anos, que aquilo que é iluminado e brilhante nem sempre é bom, para nós, fazendo assim com que compomos más relações.

Com isso podemos pensar junto com Espinosa os conceitos de bom e mal: "O bom existe quando um corpo compõe diretamente a sua relação com o nosso, e, com toda ou com uma parte sua potência, aumenta a nossa", e o mal "para nós existe quando um corpo decompõe a relação do nosso".

Logo, o lado obscuro do universo seria para nós, ora, más relações que se contenta em sofrer consequências, ora, boas relações que de todo modo, edifica. Um outro poderia chamar este princípio de outra maneira, como por exemplo, criação, renascimento, entropia, etc.

Os Wiccans, em vez de igualar o lado obscuro com o mal ou o perverso, entendem que o obscuro é uma parte inseparável da vida e do universo. Assim como a morte move a roda do ano.

Pensemos, junto com eles, muito embora os fertilizantes é composto em sua essência por materiais que se encontram em decomposição, que jardim poderia sobreviver sem estes fertilizantes? Este material está dentro do 'lado obscuro', porém nos trás benefícios, ou seja, houve uma boa relação. Do mesmo modo, a morte é um processo 'obscuro', mas que é parte integrante de nossa vida, assim como a do Deus.

Os pagãos tomam para si o culto da morte, em um de seus Sabás, como parte natural do ciclo anual. Portanto, os wiccanos preferem pensar que o obscuro é apenas um aspecto natural da vida e que não há por que ter medo, tampouco evitar, mas compreender e respeitar, uma vez que esta representa um papel muito bonito e importante na natureza e em nossa vida, refletindo então no universo.

Ritual de Samhain

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Falsos profetas e suas consequências

Muitas são as fajutices que vemos por ai, e as papagaiadas esquizitotéricas, num caminho renegado pela ciência e tão encoberto por achismos e egos enorme. Sim, esse é o caminho do ocultismo em toda a sociedade ocidental, em sua configuração racionalista capitalista. Nisto se faz necessário discutir um pouco a respeito, e trago aqui uma reflexão breve, mas que demonstra o valor e o por que de ser 'chato' de ser vez em quando, para não acabar se prejudicando mais tarde.


Os caminhos iniciáticos é semelhante a uma grande operação cirúrgica que duram por toda vida. Nestas operações cirúrgicas, o médico lhe abre e manipula coisas dentro de si para curar-te de uma enfermidade ou lhe dar melhores condições de saúde, um minúsculo erro poderia ser fatal. Nos caminhos iniciáticos (catolicismo, espiritismo, cabala, thelema, candomblé, umbanda...) também somos inspecionados por dentro e de nossos corpos sutis, e a medida que vamos progredindo neste caminho durante nossa vida mudanças dentro de nós vão dando caminhos para que as energias que estão dormindo, despertem e tenhamos assim melhores condições de consciência e sejamos "mais que humano", porém como também em uma operação médica, um pequeno e qualquer erro cometido por magos inescrupulosos e hierofantes, os verdadeiros falsos profetas,  não muito bem preparados poderia  nos prejudicar em toda esta nossa caminhada de forma completamente fatal, tanto em nossos corpos físicos como em nossos corpos astrais.

A grande máxima hermética afirma: 'así como es arriba, es abajo', isto é,  o que acontece dentro de nós pode ser refletido para fora e vice-versa. Um verdadeiro caminho iniciático desperta estas energias dentro de nosso ser para que possamos nós como magos manejar o que há dentro de nós e refletir para afora, e isto não se faz com pequenas orações tampouco com elementos esquisitotéricos, isto senhores se trata de magia e uma alto-consciência superior.

Portanto, por favor, questionem! É a melhor forma de se protegerem.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Centros Psíquicos e Terceiro Olho



Antigua y Mística Orden Rosae Crucis
Gran Logia AMORC Jurisdicción de Habla Hispana
Para las Ameritas, A.C.


MENSAJE DE LA GRAN LOGIA

Por Pedro Raúl Morales, F.R.C.
Conferenciante Internacional

El tercer ojo es actualmente un tema de preferencia de muchos estudiantes de misticismo, pero desafortunadamente la información que se da al gran publico no es la mas correcta, sino un tanto deformada.

Las Mitologías hablan acerca de razas de gigantes y de cíclopes, que existieron hace miles de años, y que tenían una naturaleza mas eterica que física; pero hacen énfasis en que tenían un solo ojo en el centro de la frente.

La Ciencia Sagrada siempre ha enenado que la causa primaria de todas las manifestaciones es el cuerpo psíquico, siendo el cuerpo físico, como vehiculo de manifestación, la cristalización en el plano terrenal del primero. Todo esta en perpetua evolución, desde la conciencia del Alma hasta las manifestaciones en el plano de las formas.

Con el tiempo y la materialización del cuerpo físico, el ojo psíquico se convirtió en el cuerpo pineal, glándula endocrina de secreción interna. Así tenemos que la pineal es la exteriorización de un centro psíquico situado en la cúspide del cráneo, en la contraparte electromagnética del Aura Humana. Dicho centro solamente puede ser percibido por medio de la visión psíquica o clarividencia.

Pero el error se comete cuando se cree que la visión del tercer ojo proviene exclusivamente del cuerpo pineal, el cual fue  considerado por Descartes como el asiento del Alma. Esto debe tomarse en un sentido alegórico, pues sabemos que el Alma esta en todo el cuerpo y en toda célula. Por lo tanto es en el cuerpo pineal donde ejerce sus funciones mas especiales, y viene siendo la “morada” donde la conciencia del alma puede entrar y reconocerse como Ser verdadero.

En la cabeza tenemos dos centros Psíquicos (en total son siete en el cuerpo). Al que se encuentra en un punto que se manifiesta entre las cejas, la Pituitaria, le son trasmitidos y concentra cinco tipos de energía de los restantes centros: garganta. Corazón y los tres restantes bajo el diafragma.

El centro de la cabeza (coronal-pineal). Es elevado por medio de la meditación y del servicio, y a través de el el Alma hace contacto con nuestra Personalidad (mente objetiva-subjetiva). Este centro es el símbolo activo del Espíritu Santo, el aspecto masculino positivo, mientras que el situado en el centro de la frente, entre las cejas, es el símbolo de la materia, aspecto femenino negativo.

El Maestro Jesús dijo: “Si tu ojo esta sano, todo tu cuerpo estará iluminado” Mateo, Cáp. 6 vers. 22. Esto podía tener relación con el fenómeno de la transfiguración, iluminando las diversas partes etérea del cuerpo, o hacer referencia a la relación que hay entre la vida y la conciencia. Una de las funciones del Cordón de Plata es la de unir el cuerpo físico y sus atributos, al Alma en el cerebro, en la vecindad al cuerpo pineal 9Aspecto conciencia), mientras que la otra unión la hace a nivel del corazón (aspecto vida).

En nuestro cuerpo existe cierto numero de glándulas endocrinas, que son las emanaciones del cuerpo psíquico. Cuanto mas bajas estén en su localización, mas cerca están de las vibraciones del mundo físico; mientras que los centros relacionados con la espiritualidad se localizan en la parte superior del cuerpo: corazón, cuello y cabeza.

Recordemos que el cuerpo pineal, asiento del Alma. Tiene como centro psíquico la cúspide de la cabeza. En cuanto al cuerpo pituitario, esta relacionado con el centro psíquico situado en el punto donde comienza la nariz (el centro Ajna de los hindúes). El cuerpo pituitario esta formado por lóbulos de materia cerebral y su función es doble en relación con el sistema nervioso, pues uno de los lóbulos alimenta al sistema cerebro-espinal, mientras que el otro lo hace con el neuronegativo (simpático-parasimpático).
     
Auque el cuerpo pineal esta relacionado con impresiones provenientes del Alma, no hay que confundirlo con lo que se conoce como el Tercer Ojo, cuya función es única y particular. Ambos están emparentados, pero no unidos. No debe confundirse a la visión espiritual con la visión eterica.

En el primer caso, se produce los cambios psicológicos después del contacto con el Alma. En la visión eterica o astral, la causa no es el aspecto espiritual. Algunos animales, como el gato, el perro y el caballo, poseen esta facultad que les permite ver aquello que es invisible al ojo humano físico. Esto depende esencialmente en una diferencia de la estructura del ojo, y la Humanidad, cada vez mas, comienza a sentir el desarrollo de esta nueva facultad. Esta nueva facultad permitirá, algún día, conocer otro mundo de manifestación real o eterica, tal como las emanaciones electromagnéticas de la vida, o el contacto con otros seres superiores.

Resumiendo, Que es el Tercer Ojo? Cuando el Alma esta próxima a unirse a la consciencia objetiva del hombre, el cuerpo pineal y el pituitario trabajan en el proceso, y si lo hacen en perfecta armonía, se manifiesta entonces el Tercer Ojo como resultado de la interrelación vibratoria entre las fuerzas del Alma –activadas por el cuerpo pituitario.

Estas fuerzas positivas y negativas, se reactivan las unas a las otras. Cuando el magnetismo entra en acción, se produce entonces lo que es conocido como “luz en la cabeza” (que no es necesariamente percibida). Esta conexión entre los dos centros superiores se establece cuando el Alma y el Cuerpo funcionan en la Unidad.

A fin de que el cerebro llegue a registrar y trasmitir correctamente las impresiones de Alma, el trabajo se deberá llevar principalmente hacia la actividad del cuerpo pituitario y luego subordinarlo al cuerpo pineal. De esta forma, la unidad así llevada a cabo producirá:

a)  Una elevación de conciencia por el cerebro.

b) El reconocimiento de la actividad del tercer Ojo como centro dinámico, cuyas        energías servirán a los designios del Alma para el servicio en la acción de la     impersonalidad.

Además, el Tercer Ojo se convertirá en un instrumento para el Alma con el fin de:

a)     Ver mas allá de las formas. El Ser puede tomar contacto con el Alma Universal o el Cósmico.

b)    Ser un intermediario entre los planos psíquicos y físicos, con el fin de servir y amar mejor al prójimo.
c)     Servir como agente de purificación para la destrucción y purificación de las viejas formas físicas.

*      *     *
                


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Koan, Louco, Espirito Livre

Eis que vos apresento a compreensão do eterno retorno nietzschiano para um espirito livre. O valor da lámina 0 - O louco.

"Uma bela noite, o mestre Yao-shan foi passear pelas montanhas. Era uma linda noite de verão, e quando o sábio estava na beira de uma escarpa, as nuvens descobriram a lua e a névoa dissipou-se subitamente. Yao-shan pôde então ver o vale iluminado pela lua, numa visão de sonho...
Olhando tanta beleza, Yao-shan repentinamente começou a dar gostosas gargalhadas. Seu riso foi tão alto que os ecos reverberaram por quilômetros de distância.
No dia seguinte, os habitantes da pequena aldeia próxima das montanhas comentavam entre si:
"Ontem à noite ouvi risos! Misteriosos risos, e não sei de onde vinham." - disse um aldeão.
"Sim, eu também ouvi! Isso é realmente misterioso!" - replicou outro. Dois monges do templo ouviram os comentários e um deles simplesmente disse:

"Não há mistérios no Zen. O som que ouvistes foram de Yao-shan, rindo nas colinas. O Som da alegria zen é como a vida: não encontra fronteiras, e é ouvida por todos." 

domingo, 9 de junho de 2013

Minha Vida Sem Mim - My Life Without Me

Esta resenha sucedesse a partir de uma perspectiva fenomenológica onde estrutura-se o texto presente num movimento que descreve os aspectos a partir dos conceitos que a fenomenologia nos traz principalmente nas maneiras de ser e estar no mundo. Tentei destrinchar os conceitos para brincar com eles e apresnetar de uma forma bem interessante, julgo eu, fazendo uma análise de um filme que guardo muitos afetos a respeito, sendo ele o: Minha Vida Sem Mim da Isabel Coixet. Espero que apreciem a leitura!


Ser-no-mundo: O ser no mundo compreende no que faz a pessoa sentir-se viva, isto é, é o mundo o qual ela nasce e cresce, ama e odeia, vive e como tratado no filme: morre. É comum vermos ao desenrolar do filme ela comentando sobre o seu apreço ao frio e a chuva, o quanto aquilo a faz sentir-se viva são esses os acontecimentos diários que a fazem perceber e vivenciar o quanto ela está implicada no mundo. Acredito que isso é uma percepção importante da Ann para a sua tomada de atitude para com o que lhe está por vir. Porém podemos encontrar a (des)sintonia também nessas atitudes, isto é, ela tinha essa atitudes apenas nessas situações. É necessário vivenciarmos isto a todo instante pois essas nossas experiências é quem no implica esta nossa identidade.
“A ideia fundamento do meu pensamento é precisamente que a evidência do ser precisa do homem e que, vice-versa, o homem só é homem na medida em que está dentro da evidência do ser” (Heidegger, 1974, p. 25, em entrevista com Weiss apud. Forghieri, Yolanda C.)
É disso que estamos falando, a existência de Ann inicialmente deixa ser levada por sua rotina, não há uma evidência do ser, ela não está totalmente sintonizada com as suas situações seu corpo foi tomado argumentos messiânicos e a imposição de um modelo cartesiano de corpo fazendo-a assim transformando em máquina, contrariando ao pensamento; tal evidência ocorre nesses gatilhos, que grosso modo poderíamos dizer que seriam seus gatilhos para a tomada de consciência se seus conflitos internos.
A partir daqui há um cindido, temos duas Ann apresentadas no filme. A primeira, pouco interessante, vivendo uma vida americana nata entupida de valores morais que a deixa mecanizada e após o despertar do sonho, sua vida evidenciada no ser. Como já dito a primeira é pouco interessante visto pelos vários exemplos que vemos no dia-a-dia para tanto, basta ligarmos ao menos a TV. Sobre essa segunda Ann, primeiramente conversaremos sobre seu “Mundo”, compreendemos este fenomenologicamente como o conjunto de relações que sãos significativas e dentro do qual a pessoa existe, porém este, embora seja evidenciado como uma totalidade, seguiremos o exemplo de nossa autora de referência e dividiremos em três partes: o circundante, o humano e o próprio.

1.    Mundo Circundante – Seria este, o que a pessoa relaciona-se com o ambiente em que vivencia. Este abrange, no exemplo da Ann, o seu trailer que é sua casa, a universidade onde trabalha, o trabalho da mãe... Enfim, todos os lugares que para ela tem uma intencionalidade direcionada com uma maior energia psíquica. Isto é, por exemplo, de acordo com o que é mostrado no filme, podemos perceber que o maracanã, aqui no Brasil, não faz parte do seu mundo circundante, já que este não recobre sua consciência a nenhum instante logo, não há nenhum relacionamento entre os dois.

“Na vivência imediata iirrelfexiva nada subsiste do fato de que necessito de olhos para ver... simplesmente aparecem-me coisas que estão ai...” (Berg, van den, 1972, p. 126)

E tem significação para Ann, por este motivo o nosso exemplo não faz parte do mundo circundante da Ann. No mundo circundante dele faz parte também, o corpo, o que por uma longa parte do filme é altamente tratado. Sabendo-se que Ann tinha um tumor que se iniciava em seus dois ovários e avançava ferozmente por todo o resto do corpo, vê-se todo o sofrimento psíquico que é causado por conta do mesmo, o seu mundo circundante por vezes grita, isto é, vê-se algumas vezes ela passando mal, ou até mesmo desmaiando por conta desse seu mundo circundante que é dramatizado pelo estender-se do filme.

2.    Humano -  Este é aquele que diz a respeito do encontro e a convivência das pessoas e com os seus semelhante, tal como nos diz a Forghieri. A Autora nos diz também que as relações do homem é necessário para sua existência já que o outro tem grande importância e influência no meu processo de vir a ser. O Existir é fundamentalmente ser-com o outro.  
“Mesmo o estar só é ser-com, no mundo. Somente ‘num’ ser-com e ‘para’ um ser-com é que o outro pode faltar. O estar só é um modo deficiente de ser-com” (Heidegger, 1988, p. 172.)  
Essas relações são bem vividas para Ann, já que a mesma vive em função das filhas e de certa forma até mesmo para Don, seu marido. O seu ser-com é firmemente estabelecido principalmente depois da noticia da morte já que a mesma em evidencia com o ser passa a moldar-se a esta nova experiência que é ‘morrer’ para o não sofrimento das filhas.  E são essas relações que fazem dela quem ela é, ora, já que estas relações sãos as que definem quem ela é como humana.

3.    Próprio – Seu mundo próprio com certeza é o mais sofrido, já que é onde vemos toda a dramatização do filme, toda a parte pedante provém de sua relação consigo mesma, durante todo o arrastar do filme a significação que ela dá para aquela experiência é quem nos faz imaginar uma mãe preocupada, uma mãe atenciosa, amável, e antes de tudo uma adolescente crescida que procura a todo instante viver o turbilhão de experiência necessário para a formação de sua personalidade num período tão curto de tempo, já que a mesma julga importante para a constituição de sua maneira de estar em seus últimos dias no mundo circundante.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Convite ao Encontro


Mais importante do que a ciência é o seu resultado,
Uma resposta provoca uma centena de perguntas.
Mais importante do que a poesia é o seu resultado,
Um poema invoca uma centena de atos heróicos.
Mais importante do que o reconhecimento é o seu resultado,
O resultado é dor e culpa.
Mais importante do que a procriação é a criança.
Mais importante do que a evolução da criação é a evolução do criador.
Em lugar de passos imperativos, o imperador.
Em lugar de passos criativos, o criador.
Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos
e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos
para colocá-los no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos
E tu ver-me-às com os meus.
Assim, até a coisa comum serve o silêncio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeias:
O Iugar indeterminado, num tempo indeterminado,
A palavra indeterminada para o Homem indeterminado.

Por Jacob Levy Moreno

Publicado em Viena, 1914.

domingo, 12 de maio de 2013

Eterno Retorno


Estamos sempre presos a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente e se repetirão no futuro, como por exemplo, guerras, epidemias, etc.

Com o Eterno Retorno Nietzsche questiona a ordem das coisas. Indica um mundo não feito de polos opostos e inconciliáveis, mas de faces complementares de uma mesma múltipla, mas única—realidade.

 (A imagem representa o Ouroboros, que é um simbolo metafisico que representa  o infinito muito utilizado na alquimia.) 



&241& "E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!”“. Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" - A Gaia Ciência

&56& "Aquele que, movido como eu por uma espécie de desejo enigmático, se esforçou por muito tempo em meditar o pessimismo em suas profundezas, em livrar o mesmo da estreiteza e da tolice meio cristãs, meio germânicas, com as quais se apresentou finalmente durante este século, isto é, sob forma de filosofia de Schopenhauer, aquele que considerou realmente uma vez, sob todos os aspectos, com olhos asiáticos e super asiáticos com o pensamento mais negativo que já houve no mundo - essa negação do universo para além do bem e do mal e não mais, como Buda e Schopenhauer, sob o encanto e a ilusão da mora _ esse talvez abriu os olhos sem querer precisamente para o ideal contrário, para o ideal do homem mais impetuoso, mais vivo, mais afirmador que haja no mundo, o homem que não aprendeu somente a acomodar-se com o que foi e com o que é, mas que quer também que o mesmo estado das coisas continue, tal como foi e tal como é, e isso por toda a eternidade, gritando sem cessar "bis", não só para si, mas pela peça inteira, por todos o espetáculo e o torna necessário, por que tem sempre necessidade de si mesmo e porque se torna necessário. - Como isso não seria "Circulus vitiosus deus"? - Além do Bem e do Mal
Gilles Deleuze argumenta que o único mesmo que retorna é o próprio retornar, ou seja, o eterno retorno é o ser de todo o devir e aquilo que é selecionado pelo retorno é apenas o que é capaz de afirmar sua diferença. Para ele, a diferença é a potência primeira, constituída no acaso do encontro entre duas ou mais forças como diferença intensiva, determinando uma tipologia de forças ativas e reativas, vontade afirmativa e niilista. Não existem, assim, identidades previamente estabelecidas, cada retorno é um novo lance de dados que pressupõe o esfacelamento da identidade, a dissolução de todo sujeito. O retornar é a criação do novo a partir das diferenças que vão ao limite de sua potência, verdadeira força de metamorfose que expulsa de seu movimento toda identidade. 
Nietzsche nos dá o Eterno Retorno como uma saída, que consiste em buscar a criação na destruição; só nessa complementação que podemos transcender e reafirmar a vida em detrimento dos valores que envenenaram a humanidade e negaram a vida, sobretudo, aqueles simbolizados na cruz.



domingo, 5 de maio de 2013

Como anda a moral em nossos dias?


Levy-Bruhl, há quase 74 anos atrás escrevia que uma consequência sobre a reflexão científica sobre a moral levaria concomitantemente há um "ceticismo moral". Será?

Um primeiro medo: a morte da moral por "contaminação" cientifica. Tais medos foram anunciados há quase um século.  Depois de 100 anos de ciência moral, com Piaget e vários outros estudiosos, como estamos? Ela morreu, enfraqueceu-se, modificou-se? 

Eis realmente uma pergunta difícil de ser respondida! Há, sem dúvida uma certa ideia de crise moral no ar, uma certa insatisfação, uma preocupação expressa de várias formas. A barbárie da guerra permanece em lugares que pareciam ser razoavelmente "civilizados", como a ex-Iugoslávia. A televisão banalizou o horripilante espetáculo da miséria e da morte: "O horror", escreveu Edgard Morin, "milita a favor da indiferença e o crescimento da indiferença cria um campo livre para o horror num circuito fatal onde ambos se realimentam". Ideologias nazistas e fascistas, que, acreditava-se, estavam enterradas, ressurgem em países do Primeiro Mundo. O individualismo burguês infantilizou-se pelo narcisismo, levando ao descaso generalizado pelo espaço público, à apatia nas questões políticas, ao desprezo pelos deveres da cidadania, etc. Até a Igreja Católica manifesta sua preocupação através de sua encíclica Veratis Splendor (de 1993), quase inteiramente dedicada ao resgate da moral cristã, “ameaçada por uma verdadeira crise”, como escreve João Paulo II. Enfim, há um mal-estar inegável, pelo menos entre aquele minimamente atentos à evolução das relações sociais.

Podemos nos perguntar, todavia, se aquilo \ que assistimos hoje é realmente novo. Barbárie, sempre houve; indiferença e descaso com relação aos sofrimento alheios, também; autoritarismo, racismo, fanatismos e outros ismos também sempre existiram. Nem mesmo a lei individualista de “levar vantagem em tudo” é nova. Se puder servir de consolo, leiam-se os conselho que, no século passado, Balzac colocou na boca de sua personagem Vautrin (no romance Le Père Goriot): “A honestidade não serve para nada(...) a vida é assim; é como na cozinha, fede tanto quanto, e é preciso sujar as mãos para regalar-se (...) Saiba evitar os apuros: aí está toda a moral de nossa época (...) sempre foi assim. Os moralistas não poderão mudar coisa alguma (...) O homem é imperfeito.”



Foi a barbárie que regenerou muitas civilizações moribundas – Meffesoli, M. Le temps dês tribus, op. cit.