Um
filme de Jean-Piere Jeunet, o primeiro espanto, Amélie Poulain de sombrio não
tem nada. Sua criação chega a ser uma ode a delirantes, ou fanáticos por
cinema; compreende não numa estrutura ‘um-dois’, a cada cena temos caminhos e
interpretações diferentes, o mais perfeito prazer da multiplicidade.
Certa vez li que o homem é um ser que fabula,
Amélie é a que me faz acreditar nisso, ela própria produz suas linhas de fugas
num mundo fantástico de imaginação, ela é movida por esse completo estado de voyeurismo
e isso a persegue até a vida adulta. Todos os personagens que rodeiam Amélie
durante o filme são preenchidos por vários fascículos, cada um com sua
história, momento de vida e maneira de se relacionar com o mundo e com si
mesmo, porém a todos convém um desejo, um prazer singular, nisso Jean-Piere nos
chama atenção aos prazeres irrefletidos, como até mesmo as pequenas coisas tem
seu devir. A protagonista tem em si o prazer de jogar pequenas pedras no rio ao
fim da tarde, ela diz que é “para acalmar os nervos”, ou olhar como o empregado
da quitanda da esquina acaricia as frutas e legumes como se cada uma fosse
especial e única, assim como ela todos os personagens têm umas singularidades. Até
que no desenrolar inicial do filme nos marca a frase “É 29 de agosto. Em 48
horas, o destino de Amélie Poulain irá mudar” e irá mudar mesmo, não seria o
mesmo se fosse diferente, a partir desse momento criar-se uma linha de
desterritorialização em Amélie a que a leva sair de seu voyeurismo absoluto a
um lugar desconhecido, novo.
Dominique Bretodeau poderia ser um cinquentão
rico, empresário que andar a pé a passar por uma cabine telefônica seria até
mesmo um absurdo, mas não, Bretodeau gosta de desfiar o frango depois de assado
e comer a carne que fica dentre as costelas, talvez passar por tal cabine
telefônica e prestar atenção nesta, como até mesmo numa caixa enferrujada seria
uma besteira para uns, não para Bretodeau, a cabine telefônica o chamava,
“parecia que o meu anjo da guarda queria que eu fosse lá, atende-la”, o que ele
não prestou atenção é que um novo ‘anjo’ ali nascia e era por jus Amélie, a
partir disso, a partir dessas palavras Amélie traça um novo objetivo, intervir,
essa é a palavra que a percorre o resto do filme, porém sempre com pequenos
gestos, mostrando as pessoas olhares diferentes, fabulas diferentes, e é isso
que é bonito nela, ela sempre optou por ajudar aos outros, porém ainda sim ela
não fugiu de seus instintos humano, uma bela ironia, tanto uma vez para ajudar
ela também queria vingar-se, de fato ela não gostava de como o dono da quitanda
tratava seu empregado...
Até que aos poucos ela se via desesperada por limpar a
bagunça dos outros e deixar toda a poeira dela debaixo do tapete, mais uma vez
Jeunet nos surpreende com um ‘homem de vidro’ quebradiço por suas experiências
da vida, é quem intervém na vida de Amélie, afinal todos estão ligados, tanto o
homem de vidro, como Suzanne, a dona do café, ou até mesmo a finada Lady Di,
que deus a tenha, afinal nenhum deles se
encontram na realidade, todos pairam em suas fabulas tal como a mulher da
tabacaria se refugia em sua hipocondria. Para tanto, aparece uma bela ironia do
final, Nino Quincampoix outro belo sonhador, seria desgastante se não fosse o par perfeito de Amélie, ligados por
prazeres, singularidades e esquisitices únicas e um álbum de fotos perdido,
enfim desta começa outra linha segmentada, mas agora da própria Amélie para si
mesmo e Nino Quincampoix.
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MUITO OBRIGADO POR COMENTAR!
VOLTE SEMPRE!!
PAZ E LUZ MEU AMIGO!!