sexta-feira, 26 de abril de 2013

A imagem do Pensamento

"Muita gente tem interesse em dizer que todo mundo sabe "isto", que todo mundo reconhece isto, que ninguém pode negar isto. (Eles triunfam facilmente, enquanto um interlocutor mal-humorado não se levanta para responder que não quer ser assim representado e que nega, que não reconhece aqueles que falam em seu nome). "

Gilles Deleuze. In Diferença e Repetição

 
 Há muito tempo me venho pensando a respeito desse tema, como se dá a imagem do pensamento, principalmente na filosofia. Vejo sempre, conceitos a respeito de uma cognição em geral e que facilmente se aplica a todos. Ora, se assim o fosse não existiria tantas vertentes. Essas e outras teorias cabem num pensamento aterrador, acompanhe, se há cabeças hoje cabeças que afirmam pensar respeito de problemas que envolvem eu, você e o outro, por exemplo, educação, política, etc.; e esse pensamento não se aplica a mim, é de fato preocupante.

Gilles Deleuze, filósofo francês em seu livro Diferença e Repetição,  que por sinal é um ótimo livro, discute um pouco sobre essa questão, eles diz que o que o filósofo “postula é reconhecido como algo universalmente reconhecido, é somente o que significa pensar, ser e eu, quer dizer, não isto ou aquilo, mas a forma da representação ou da re-cognição em geral”. O Filósofo fala aqui, sobre uma falha da interpretação em geral sobre as postulações dum filófoso, ora, o que pode hoje ser concebido como uma verdade absoluta? Por que estaria na mão de um filósofo algo tão importante? O Filósofo para Deleuze, é um homem que tem por função criar conceito acima dos bons encontros que se tem com o mundo, com os pressupostos subjetivos; Porém temos que considerar também a respeito da impossibilidade desse conceito enquadrar todos, não falamos somente dos conceitos, tampouco de Deleuze.
Falamos aqui, sobre o quão pobre um conceito pode ficar se for tomado por uma verdade absoluta, a educação, por exemplo, como tratamos os nossos alunos? Aqui, especificamente no Brasil, existe um sistema onde diz o que tem que acontecer, o que tem a ser seguido, regulamentando toda a jogada; Ora, essa é a morte do devir pautada e regulamentada, não existe algo mais empobrecedor. Além do que, vemos que esse sistema falido de educação que temos, não atinge a todos, em alguns lugares não chegando atingir nem mesmo a metade dos alunos no recinto.
De forma parecida, acontece no senso comum, um espanto acontece: A ciência, que gleba larva para todos os lados, afirmando ser a senhora dotada de razão compara-se ao senso comum? Sim! A forma mais geral da representação está no próprio senso comum, o que normalmente chamamos de estereótipos, ou como a psicologia usa de forma bonitinha para dizer “cognição social”.
O alerta aqui, não se fundamenta apenas num “precisa ser pensado”; Mas sim um alerta, nenhum instância e/ou faculdade do pensamento pode atingir, o homem, nem mesmo uma sociedade, um grupo, quanto menos um homem. Sempre haverá criticas, não um conhecimento que satisfaça um homem por completo, a não ser o próprio que a fundamenta.
A impossibilidade de um pensamento cientifica, dificulta muito o trabalho de muitos. Principalmente a evolução que tanto se espera.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Educação e Estrutura Familiar

O post de hoje, é um tanto quanto 'aterrador' e tem uma visão bastante pessoal do autor. Fica o aviso!



Bom, a ideia em si surgiu de um pensamento rápido que me ocorreu, frente há algumas experiências que me chocaram. Eu tenho a oportunidade, hoje, de ensinar matérias diversas a crianças do ensino fundamental, funciona semelhante a um reforço escolar. Pois bem, em especial uma das crianças a qual eu ensino, vou chamá-la aqui de M, é aluna do segundo ano do ensino fundamental de uma escola pública da minha cidade, ainda em estado de alfabetização e tem aproximadamente 7 ou 8 anos. A mesma tem uma uma família completamente desestruturada, o pai e a mãe vivem brigando, o segundo em posição de alcoólatra, chega por vezes a prática certas maldades com M e sua irmã mais velha de 15 anos; maldades estas que envolvem "surras" desnecessárias, assim como também  castigos sem lógica e com crueldade, pode-se imaginar ai, até mesmo um sadismo, enfim. Já a mãe de M, é uma mãe carinhosa, porém um tanto quanto levada, a mesma tem vários amantes e expõe abertamente para as filhas, frequentemente vive em festas, e coisas pejorativas que molesta a sua posição como mulher. 

Dentre esses e outros fatos, que não convém comentar, no momento, já deixa a margem de como é a dinâmica popular. Eles são de classe média baixa, e divide essas travessuras com o tempo que passam no emprego. Para a criança isso, já é vivenciado como algo normal, e chegam até mesmo conversar abertamente sobre o assunto a ponto de falar "Minha mãe vive num arem"; (Eu vim sabe o que é um arem um tempo desses); É assustador, principalmente para mim em posição de professor, eu fico sem saber o que fazer em certas situação, qual deveria ser a atitude ser formada a partir dessas questões? O que compõe minha responsabilidade ética para com essas questões?

Ainda como ironia, me aparece o assunto, para a prova, em seu livro escolar, o assunto que envolve "Família"; Onde a criança, numa pergunta "Escreva o nome das pessoas que compõe e faz parte da sua família" a criança coloca o nome da mãe, do pai, da irmã e dos dois amantes da mãe. É uma situação complicada, para se intervir para com a criança nesse estado. 

E as problematização futuras? Como que se constituirá a dinâmica psíquica dessa criança quando adulta? Visto que a família é um grupo social de suma importância na construção de uma identidade para o individuo, como será vivenciada a família por essa criança daqui a, ~15 anos? Ora, não estamos falando de um caso único, nós sabemos, por mais que não nos atentemos a essas questões, de que isso é um reflexo de nossa sociedade brasileira, nos cantos, nas favelas, na rua. Se fomos parar para pensar, quem está errado nessa questão? Precisamos pensar nossa constituição moral a respeito do que vemos para o cidadão. O pai de família pode beber, por ter uma vida, a qual julga ser uma merda onde se ver submisso a vários outros, e por assim dizer se utiliza da droga para para atuar como um supereu onde é opressor ao invés de oprimido. A mulher pode ter seus dois amantes, por que nunca tentou a experiência sexual com outros homens, e seu atual casamento foi num casamento arranjado por seus pais, e por motivos financeiro, o casamento é sua única oportunidade de garantia de qualidade de vida  para você mesma e suas filhas.

Esses fatores, sãos hipotéticos, mas que pode ocorrer semelhantemente em longa ou pequena escala. Ora, o que fazemos, o que fizeram, o que vamos fazer com essa sociedade que temos?

Ou vocês a julgam como boa? Aceitável? 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - Lé Fabuleux Destin D'Amélie Poulain


Um filme de Jean-Piere Jeunet, o primeiro espanto, Amélie Poulain de sombrio não tem nada. Sua criação chega a ser uma ode a delirantes, ou fanáticos por cinema; compreende não numa estrutura ‘um-dois’, a cada cena temos caminhos e interpretações diferentes, o mais perfeito prazer da multiplicidade. 

Certa vez li que o homem é um ser que fabula, Amélie é a que me faz acreditar nisso, ela própria produz suas linhas de fugas num mundo fantástico de imaginação, ela é movida por esse completo estado de voyeurismo e isso a persegue até a vida adulta. Todos os personagens que rodeiam Amélie durante o filme são preenchidos por vários fascículos, cada um com sua história, momento de vida e maneira de se relacionar com o mundo e com si mesmo, porém a todos convém um desejo, um prazer singular, nisso Jean-Piere nos chama atenção aos prazeres irrefletidos, como até mesmo as pequenas coisas tem seu devir. A protagonista tem em si o prazer de jogar pequenas pedras no rio ao fim da tarde, ela diz que é “para acalmar os nervos”, ou olhar como o empregado da quitanda da esquina acaricia as frutas e legumes como se cada uma fosse especial e única, assim como ela todos os personagens têm umas singularidades. Até que no desenrolar inicial do filme nos marca a frase “É 29 de agosto. Em 48 horas, o destino de Amélie Poulain irá mudar” e irá mudar mesmo, não seria o mesmo se fosse diferente, a partir desse momento criar-se uma linha de desterritorialização em Amélie a que a leva sair de seu voyeurismo absoluto a um lugar desconhecido, novo.

Dominique Bretodeau poderia ser um cinquentão rico, empresário que andar a pé a passar por uma cabine telefônica seria até mesmo um absurdo, mas não, Bretodeau gosta de desfiar o frango depois de assado e comer a carne que fica dentre as costelas, talvez passar por tal cabine telefônica e prestar atenção nesta, como até mesmo numa caixa enferrujada seria uma besteira para uns, não para Bretodeau, a cabine telefônica o chamava, “parecia que o meu anjo da guarda queria que eu fosse lá, atende-la”, o que ele não prestou atenção é que um novo ‘anjo’ ali nascia e era por jus Amélie, a partir disso, a partir dessas palavras Amélie traça um novo objetivo, intervir, essa é a palavra que a percorre o resto do filme, porém sempre com pequenos gestos, mostrando as pessoas olhares diferentes, fabulas diferentes, e é isso que é bonito nela, ela sempre optou por ajudar aos outros, porém ainda sim ela não fugiu de seus instintos humano, uma bela ironia, tanto uma vez para ajudar ela também queria vingar-se, de fato ela não gostava de como o dono da quitanda tratava seu empregado... 


Até que aos poucos ela se via desesperada por limpar a bagunça dos outros e deixar toda a poeira dela debaixo do tapete, mais uma vez Jeunet nos surpreende com um ‘homem de vidro’ quebradiço por suas experiências da vida, é quem intervém na vida de Amélie, afinal todos estão ligados, tanto o homem de vidro, como Suzanne, a dona do café, ou até mesmo a finada Lady Di, que deus a tenha,  afinal nenhum deles se encontram na realidade, todos pairam em suas fabulas tal como a mulher da tabacaria se refugia em sua hipocondria. Para tanto, aparece uma bela ironia do final, Nino Quincampoix outro belo sonhador, seria desgastante se não fosse o par perfeito de Amélie, ligados por prazeres, singularidades e esquisitices únicas e um álbum de fotos perdido, enfim desta começa outra linha segmentada, mas agora da própria Amélie para si mesmo e Nino Quincampoix.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A Epígrafe


;Anterior a uma vida; Vivendo;


"Le grand inconvénient de la vie réelle et qui la rend insupportable à l'homme supérieur, c'est que, si l'on y transporte les principes de l'idéal, les qualités deviennent des défauts, si bien que fort souvent l'homme accompli y réussit moins bien que celui qui a pour mobiles l'égoïsme ou la routine vulgaire."

O grande inconveniente da vida real e que a torna insuportável para o homem superior é que, se para ela são transportados os princípios do ideal, as qualidades se tornam defeitos, tanto que, muito frequentemente, aquele homem superior realiza e consegue bem menos do que aqueles movidos pelo egoísmo e pela rotina vulgar.

Para saber mais:, 
in. Triste Fim de Policarpo Quaresma, http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Triste_Fim_de_Policarpo_Quaresma&oldid=35377795 (last visited abril 15, 2013).


Idealismo, conceito surrado, e por uns esquecidos; bom, era o que eles queriam. Eu vejo que o idealismo, bastante presente em nossa sociedade, mesmo nunca conversa aleatória, principalmente se forem entre duas pessoas que estão se conhecendo. Somos criados para ser idealistas. Ou não vivemos imaginando um eu subjetivo inexistente? 




domingo, 14 de abril de 2013

Leibniz - A monadologia


- Ora, como todo estado presente de uma substância simples é, simplesmente, uma continuação natural do seus estado passado, assim como também o presente está prenhe do futuro.

Leibniz, A Monadologia.

Eu por ele: Mal da civilização [1/...]


(Quem?)*


Albert Einstein, pouco conhecido, é um físico teórico o grande criador da teoria da relatividade, porém ele era um amante de filosofia também e se preocupava com algumas questões a respeito de moral, religião, educação, etc. Sua primeira obra literária é "Como vejo o mundo", que é utilizada para fazer esse texto. O Livro utilizado foi o Pocket da Saraiva de Bolso.

-A pior das instituições gregárias se intitula exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir qualquer prazer em desfilar aos sons de música, eu desprezo este homem... Não merece um cérebro humano, já que a medula espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer o mais depressa possível este câncer da civilização Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência gratuita e o nacionalismo débil. A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Preferiria deixar-me assassinar a participar desta ignomínia. (p.15)

-A religião** é vivida antes de tudo como angústia. Não é inventada  mas essencialmente estruturada pela casta sacerdotal, que institui o papel de intermediário entre seres temíveis e o povo, fundado assim na sua hegemonia. Com frequência o chefe, o monarca ou uma classe privilegiada, de acordo com os elementos de seu poder e para salvaguardar a soberania temporal, se arrogam as funções sacerdotais. Ou então. entre a casta política dominante e a casta sacerdotal se estabelece uma comunidade de interesses. (p.22)



* Essa série compõe de pensamentos do qual eu compartilho e carrego em minha vida. A série será dividia por ideia, máximas, afirmações problemáticas, etc. A partir do tema lançado um autor irá falar a respeito.
** Einstein fala religião de uma forma ampla, porém para quem tem um minimo de conhecimento a respeito, se dá para perceber que ele está falando claramente do cristianismo e afins.

Encontro Poliedro

El artista Juan Luis Cerrajero 
Véspera de meus, tão esperado, dezoito anos, estou disposto a mudar minha vida drasticamente, não é novidade, quando se trata de um adolescente. Talvez seja. Penso, no entanto, ao contrário de muitos, não quero viver até que minha pele arda até escorrer a ultima gota de sangue. Quero uma passagem tranquila. Essa imagem ao lado representa muito disso, de como quero que essa passagem seja, quero passar mal, vomitar, tudo aquilo que me fez ser o quem sou hoje, quero ter um encontro com um além de mim. Quero encontrar-me e formar um bom encontro, criar um encontro poliedro, que se faça gelatinoso, nunca solido, que mude sua forma a cada piscadela. Quero surpreender-me a toda manhã, quero salgar a vida de uma forma que não que não seja bebível, em contraponto, que nunca possa saciar minha sede. Nessa transformação sem fim, quero viver numa infinita desterritorialização. 

O texto com pequenas orações, teve o objetivo de fazer máximas e que como o próprio texto propõe, mudar sempre, rapidamente, para algo novo.
:)

A,A.E. Leonardo

Uma nota sobre relacionamentos [1/6]

Há muito tempo penso em escrever algo sobre isso, mas sempre dá uma preguiça e uma tiquinho de insegurança por não ser algo que se encaixe a todos. Sendo assim, o post está suscetível há algumas, ou total, discrepância. O que vou escrever aqui é uma visão bastante pessoal de como seria possível criar bons encontros nos relacionamentos, isto é, seja namorado(a), amigo(a), familiar, etc;

A ideia geral surgiu de reflexões e de inconstâncias em minhas próprias relações. Talvez, poderíamos aproveitar melhor os momentos se assim o fosse.

Primeiramente queria pontuar, nesta nota, sobre desculpas. Eu acho que não há convenção social mais inútil.  Carrego comigo um "ditado" que eu vi em alguma rede social, não me lembro, alguma vez, era mais ou menos assim "Jogue um copo no chão, você o quebrou, agora peça desculpas a ele. É, ele não voltou ao normal", achei essa frase bastante inteligente, para não falar racional e cair em outras contradições. Acho que a coisa acontece dessa maneira, não há porque pedir desculpas para a pessoa a qual prática empatia. Ora, seria muito mais proveitoso e construtivo fazer o contrário, ou procurar mostrar que aquilo não irá se repetir, mas não com palavras, palavras são vazias, são poucas as que carregam um sentimento, e dificilmente, numa hora dessas, saberemos identificar. Portanto por isso digo, desculpas é algo completamente inútil. O que machucou o outro, foram ações, movimentos, seja elas feitas por meio de palavras ou não, mas o que machucou foi essa dinâmica ocorrida. Por que acha que meras palavras vazias que não tangencia nada iria mudar alguma coisa?

Essa é a parte I

Serão desenvolvidas seis partes.

Se tiverem algo a acrescentar ficaria feliz em ler seu comentário.