Esta resenha sucedesse a partir de uma perspectiva fenomenológica onde estrutura-se o texto presente num movimento que descreve os aspectos a partir dos conceitos que a fenomenologia nos traz principalmente nas maneiras de ser e estar no mundo. Tentei destrinchar os conceitos para brincar com eles e apresnetar de uma forma bem interessante, julgo eu, fazendo uma análise de um filme que guardo muitos afetos a respeito, sendo ele o: Minha Vida Sem Mim da Isabel Coixet. Espero que apreciem a leitura!
Ser-no-mundo: O
ser no mundo compreende no que faz a pessoa sentir-se viva, isto é, é o mundo o
qual ela nasce e cresce, ama e odeia, vive e como tratado no filme: morre. É
comum vermos ao desenrolar do filme ela comentando sobre o seu apreço ao frio e
a chuva, o quanto aquilo a faz sentir-se viva são esses os acontecimentos
diários que a fazem perceber e vivenciar o quanto ela está implicada no mundo.
Acredito que isso é uma percepção importante da Ann para a sua tomada de
atitude para com o que lhe está por vir. Porém podemos encontrar a (des)sintonia
também nessas atitudes, isto é, ela tinha essa atitudes apenas nessas
situações. É necessário vivenciarmos isto a todo instante pois essas nossas
experiências é quem no implica esta nossa identidade.
“A ideia fundamento do meu
pensamento é precisamente que a evidência do ser precisa do homem e que,
vice-versa, o homem só é homem na medida em que está dentro da evidência do ser”
(Heidegger,
1974, p. 25, em entrevista com Weiss apud.
Forghieri, Yolanda C.)
É
disso que estamos falando, a existência de Ann inicialmente deixa ser levada
por sua rotina, não há uma evidência do ser, ela não está totalmente
sintonizada com as suas situações seu corpo foi tomado argumentos messiânicos e
a imposição de um modelo cartesiano de corpo fazendo-a assim transformando em
máquina, contrariando ao pensamento; tal evidência ocorre nesses gatilhos, que
grosso modo poderíamos dizer que seriam seus gatilhos para a tomada de
consciência se seus conflitos internos.
A
partir daqui há um cindido, temos duas Ann apresentadas no filme. A primeira,
pouco interessante, vivendo uma vida americana nata entupida de valores morais que a deixa mecanizada e após o despertar
do sonho, sua vida evidenciada no ser.
Como já dito a primeira é pouco interessante visto pelos vários exemplos que
vemos no dia-a-dia para tanto, basta ligarmos ao menos a TV. Sobre essa segunda
Ann, primeiramente conversaremos sobre seu “Mundo”, compreendemos este fenomenologicamente
como o conjunto de relações que sãos significativas e dentro do qual a pessoa
existe, porém este, embora seja evidenciado como uma totalidade, seguiremos o
exemplo de nossa autora de referência e dividiremos em três partes: o
circundante, o humano e o próprio.
1.
Mundo
Circundante – Seria este, o que a pessoa relaciona-se com o
ambiente em que vivencia. Este abrange, no exemplo da Ann, o seu trailer que é
sua casa, a universidade onde trabalha, o trabalho da mãe... Enfim, todos os
lugares que para ela tem uma intencionalidade direcionada com uma maior energia
psíquica. Isto é, por exemplo, de acordo com o que é mostrado no filme, podemos
perceber que o maracanã, aqui no Brasil, não faz parte do seu mundo
circundante, já que este não recobre sua consciência a nenhum instante logo,
não há nenhum relacionamento entre os dois.
“Na
vivência imediata iirrelfexiva nada subsiste do fato de que necessito de olhos
para ver... simplesmente aparecem-me coisas que estão ai...”
(Berg, van den, 1972, p. 126)
E tem significação para Ann,
por este motivo o nosso exemplo não faz parte do mundo circundante da Ann. No
mundo circundante dele faz parte também, o corpo, o que por uma longa parte do
filme é altamente tratado. Sabendo-se que Ann tinha um tumor que se iniciava em
seus dois ovários e avançava ferozmente por todo o resto do corpo, vê-se todo o
sofrimento psíquico que é causado por conta do mesmo, o seu mundo circundante
por vezes grita, isto é, vê-se algumas vezes ela passando mal, ou até mesmo
desmaiando por conta desse seu mundo circundante que é dramatizado pelo estender-se
do filme.
2.
Humano
- Este é aquele que diz
a respeito do encontro e a convivência das pessoas e com os seus semelhante,
tal como nos diz a Forghieri. A Autora nos diz também que as relações do homem
é necessário para sua existência já que o outro tem grande importância e
influência no meu processo de vir a ser. O Existir é fundamentalmente ser-com o
outro.
“Mesmo
o estar só é ser-com, no mundo. Somente ‘num’ ser-com e ‘para’ um ser-com é que
o outro pode faltar. O estar só é um modo deficiente de ser-com” (Heidegger,
1988, p. 172.)
Essas
relações são bem vividas para Ann, já que a mesma vive em função das filhas e
de certa forma até mesmo para Don, seu marido. O seu ser-com é firmemente
estabelecido principalmente depois da noticia da morte já que a mesma em
evidencia com o ser passa a moldar-se a esta nova experiência que é ‘morrer’
para o não sofrimento das filhas. E são
essas relações que fazem dela quem ela é, ora, já que estas relações sãos as
que definem quem ela é como humana.
3.
Próprio
– Seu
mundo próprio com certeza é o mais sofrido, já que é onde vemos toda a
dramatização do filme, toda a parte pedante provém de sua relação consigo
mesma, durante todo o arrastar do filme a significação que ela dá para aquela
experiência é quem nos faz imaginar uma mãe preocupada, uma mãe atenciosa,
amável, e antes de tudo uma adolescente crescida que procura a todo instante
viver o turbilhão de experiência necessário para a formação de sua
personalidade num período tão curto de tempo, já que a mesma julga importante
para a constituição de sua maneira de estar em seus últimos dias no mundo
circundante.