domingo, 5 de maio de 2013

Como anda a moral em nossos dias?


Levy-Bruhl, há quase 74 anos atrás escrevia que uma consequência sobre a reflexão científica sobre a moral levaria concomitantemente há um "ceticismo moral". Será?

Um primeiro medo: a morte da moral por "contaminação" cientifica. Tais medos foram anunciados há quase um século.  Depois de 100 anos de ciência moral, com Piaget e vários outros estudiosos, como estamos? Ela morreu, enfraqueceu-se, modificou-se? 

Eis realmente uma pergunta difícil de ser respondida! Há, sem dúvida uma certa ideia de crise moral no ar, uma certa insatisfação, uma preocupação expressa de várias formas. A barbárie da guerra permanece em lugares que pareciam ser razoavelmente "civilizados", como a ex-Iugoslávia. A televisão banalizou o horripilante espetáculo da miséria e da morte: "O horror", escreveu Edgard Morin, "milita a favor da indiferença e o crescimento da indiferença cria um campo livre para o horror num circuito fatal onde ambos se realimentam". Ideologias nazistas e fascistas, que, acreditava-se, estavam enterradas, ressurgem em países do Primeiro Mundo. O individualismo burguês infantilizou-se pelo narcisismo, levando ao descaso generalizado pelo espaço público, à apatia nas questões políticas, ao desprezo pelos deveres da cidadania, etc. Até a Igreja Católica manifesta sua preocupação através de sua encíclica Veratis Splendor (de 1993), quase inteiramente dedicada ao resgate da moral cristã, “ameaçada por uma verdadeira crise”, como escreve João Paulo II. Enfim, há um mal-estar inegável, pelo menos entre aquele minimamente atentos à evolução das relações sociais.

Podemos nos perguntar, todavia, se aquilo \ que assistimos hoje é realmente novo. Barbárie, sempre houve; indiferença e descaso com relação aos sofrimento alheios, também; autoritarismo, racismo, fanatismos e outros ismos também sempre existiram. Nem mesmo a lei individualista de “levar vantagem em tudo” é nova. Se puder servir de consolo, leiam-se os conselho que, no século passado, Balzac colocou na boca de sua personagem Vautrin (no romance Le Père Goriot): “A honestidade não serve para nada(...) a vida é assim; é como na cozinha, fede tanto quanto, e é preciso sujar as mãos para regalar-se (...) Saiba evitar os apuros: aí está toda a moral de nossa época (...) sempre foi assim. Os moralistas não poderão mudar coisa alguma (...) O homem é imperfeito.”



Foi a barbárie que regenerou muitas civilizações moribundas – Meffesoli, M. Le temps dês tribus, op. cit.




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