sexta-feira, 31 de maio de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Tempo de Despertar (1990) Awakenings
Em
Bronx, grande Nova Iorque em 1969, algo desperta. Vemos logo que o titulo do
filme é bastante sugestivo, no verão do referido ano manifestações dramáticas,
e acima de tudo, conscientes surgiu naquele ano, em pacientes pós-encefaliticos.
Anteriormente,
era normalmente chamadas de estátuas,
estátuas estas que eram submetidas a tratamentos animalescos, deixando a
vista a pouca ou nenhuma importância que os pacientes com doenças, sobretudo,
crônicas recebiam, tanto os pacientes como os próprios empregados do recinto,
até mesmo nos primeiros dez minutos de filme vemos grades por todo o hospital,
infelizmente não só por questões de segurança.
Dr.
Malcolm Sayer, representado no filme por Robin Williams, neurologista recém-formado
e com um gosto por pesquisa cientificas aparece neste contexto, despreparado,
sem esperar muita coisa, porém despertar algo em seus colegas de trabalho, mães
dos internados e posteriormente até mesmo nós próprios internados. Ao começar a
trabalhar efetivamente no hospital, Dr. Sayer se encontra com vários desses pacientes
em estado catatônicos e tentando assim procurar algumas similitudes entre eles.
Primeiramente surge a pergunta inicial “eles realmente estão completamente
catatônicos?” A primeira descoberta diz que não, por mais que ainda seja uma
simples hipótese: “A vontade da bola” ainda é algo exterior, e que eles reagem
a ela.
Em
meio a pesquisas, como de costume e bom grado do Dr. Sayer ele descobre uma
droga que está em estado experimental e que normalmente é usada para pessoas
com diagnóstico de Mal de Parkinson a L-DOPA, essa droga promete sensibilizar e
relaxar uma pessoa que tem Mal de Parkinson a fim de lhe dar uma vida mais “normal”.
O Mal de Parkinson é descrito como movimentos progressivos devida a uma
disfunção dos neurônios secretores de dopamina nos gânglios da base, a hipótese
do Dr. Sayer era justamente essa progressão ao extremo, causando assim, uma
paralisação do individuo.
Após
muita luta contra os “patronos”, leia-se, investidores e com o consentimento do
familiar (refiro-me ao Sr. Lowe), ele consegue enfim aplicar a droga no
paciente a espera de um possível resultado. A partir daí vemos um paradigma
ético, porém no que confere a psiquiatria é difícil imaginar um outro ramo da
atividade humana que suscite maior número de inquietações e dúvidas de ordem
ética. Isso ocorre decorre dada à própria natureza do objeto com que trabalha a
ciência psiquiátrica, ou seja, a mente humana e suas patologias. Nós como
dotados de razão conferimos uma “liberdade”, e o que fazemos com um outro, qual
consideramos “sem razão”? Há muito o que se discutir ainda a respeito do que
confere a competência ética da psiquiatria, no filme há a integridade do homem
e a possível cura e avanço da ciência. Kant desde muito tempo discutiu sobre a
integridade ética na ciência, ele dizia esta ser a ferramenta principal e imune
de exigências morais. Rodeada de termos
vagos e abstratos vemos que até mesmo para a própria medicina o termo “ética” é
considerado como algo genérico, e está dividida pela o que as pessoas acreditam
que seguem e o que “bom” e “ruim”. Não pretendo me estender mais.
O
filme acaba com mais um insucesso cientifico mas com forte calor no coração
tanto dos envolvidos como do espectador. Tais reflexões como esta, dada pelo
filme, torna-se pertinente para reconhecermos como é falha e pragmática a ética
médica, quando se refere a pesquisa em seres humanos, tal como a (dês)humanização
constante em hospitais psiquiátricos. Um lugar onde se propõe curar e estabilizar as doenças mentais
pratica-se a reprodução de uma violências constante e muda.
domingo, 12 de maio de 2013
Eterno Retorno
Estamos sempre presos
a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem
no presente e se repetirão no futuro, como por exemplo, guerras, epidemias,
etc.
Com o Eterno Retorno Nietzsche questiona a ordem das coisas. Indica um mundo não feito de polos opostos e inconciliáveis, mas de faces complementares de uma mesma múltipla, mas única—realidade.
(A imagem representa o Ouroboros, que é um simbolo metafisico que representa o infinito muito utilizado na alquimia.)
&241& "E se um dia ou uma noite um
demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta
vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma
vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada
prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno
e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência -
e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este
instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada
outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!”“. Não te lançarias ao chão e
rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste
alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias "Tu és um deus
e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre
ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta
diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras
vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então,
como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada
mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" - A Gaia Ciência
|
&56& "Aquele que, movido como eu por uma espécie de desejo
enigmático, se esforçou por muito tempo em meditar o pessimismo em suas
profundezas, em livrar o mesmo da estreiteza e da tolice meio cristãs, meio
germânicas, com as quais se apresentou finalmente durante este século, isto é,
sob forma de filosofia de Schopenhauer, aquele que considerou realmente uma
vez, sob todos os aspectos, com olhos asiáticos e super asiáticos com o
pensamento mais negativo que já houve no mundo - essa negação do universo para
além do bem e do mal e não mais, como Buda e Schopenhauer, sob o encanto e a
ilusão da mora _ esse talvez abriu os olhos sem querer precisamente para o
ideal contrário, para o ideal do homem mais impetuoso, mais vivo, mais
afirmador que haja no mundo, o homem que não aprendeu somente a acomodar-se com
o que foi e com o que é, mas que quer também que o mesmo estado das coisas
continue, tal como foi e tal como é, e isso por toda a eternidade, gritando sem
cessar "bis", não só para si, mas pela peça inteira, por todos o
espetáculo e o torna necessário, por que tem sempre necessidade de si mesmo e
porque se torna necessário. - Como isso não seria "Circulus vitiosus
deus"? - Além do Bem e do Mal
Gilles Deleuze argumenta que o único mesmo que retorna é o
próprio retornar, ou seja, o eterno retorno é o ser de todo o devir e aquilo
que é selecionado pelo retorno é apenas o que é capaz de afirmar sua diferença.
Para ele, a diferença é a potência primeira, constituída no acaso do encontro
entre duas ou mais forças como diferença intensiva, determinando uma tipologia
de forças ativas e reativas, vontade afirmativa e niilista. Não existem, assim,
identidades previamente estabelecidas, cada retorno é um novo lance de dados
que pressupõe o esfacelamento da identidade, a dissolução de todo sujeito. O
retornar é a criação do novo a partir das diferenças que vão ao limite de sua
potência, verdadeira força de metamorfose que expulsa de seu movimento toda
identidade.
Nietzsche nos dá o Eterno Retorno como uma saída, que
consiste em buscar a criação na destruição; só nessa complementação que podemos
transcender e reafirmar a vida em detrimento dos valores que envenenaram a
humanidade e negaram a vida, sobretudo, aqueles simbolizados na cruz.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
domingo, 5 de maio de 2013
Como anda a moral em nossos dias?
Levy-Bruhl, há quase 74 anos atrás escrevia que
uma consequência sobre a reflexão científica sobre a moral levaria
concomitantemente há um "ceticismo moral". Será?
Um primeiro medo: a morte da moral por
"contaminação" cientifica. Tais medos foram anunciados há quase um
século. Depois de 100 anos de ciência moral, com Piaget e vários outros
estudiosos, como estamos? Ela morreu, enfraqueceu-se, modificou-se?
Eis realmente uma pergunta difícil de ser
respondida! Há, sem dúvida uma certa ideia de crise moral no ar, uma certa
insatisfação, uma preocupação expressa de várias formas. A barbárie da guerra
permanece em lugares que pareciam ser razoavelmente "civilizados",
como a ex-Iugoslávia. A televisão banalizou o horripilante espetáculo da
miséria e da morte: "O horror", escreveu Edgard Morin, "milita a
favor da indiferença e o crescimento da indiferença cria um campo livre para o horror
num circuito fatal onde ambos se realimentam". Ideologias nazistas e
fascistas, que, acreditava-se, estavam enterradas, ressurgem em países do
Primeiro Mundo. O individualismo burguês infantilizou-se pelo narcisismo,
levando ao descaso generalizado pelo espaço público, à apatia nas questões políticas,
ao desprezo pelos deveres da cidadania, etc. Até a Igreja Católica manifesta
sua preocupação através de sua encíclica Veratis
Splendor (de 1993), quase inteiramente dedicada ao resgate da moral cristã,
“ameaçada por uma verdadeira crise”, como
escreve João Paulo II. Enfim, há um mal-estar inegável, pelo menos entre aquele
minimamente atentos à evolução das relações sociais.
Podemos nos perguntar, todavia, se aquilo \ que
assistimos hoje é realmente novo. Barbárie, sempre houve; indiferença e descaso
com relação aos sofrimento alheios, também; autoritarismo, racismo, fanatismos
e outros ismos também sempre
existiram. Nem mesmo a lei individualista de “levar vantagem em tudo” é nova.
Se puder servir de consolo, leiam-se os conselho que, no século passado, Balzac
colocou na boca de sua personagem Vautrin (no romance Le Père Goriot): “A honestidade não serve para nada(...) a
vida é assim; é como na cozinha, fede tanto quanto, e é preciso sujar as mãos
para regalar-se (...) Saiba evitar os apuros: aí está toda a moral de nossa
época (...) sempre foi assim. Os moralistas não poderão mudar coisa alguma
(...) O homem é imperfeito.”
Foi a barbárie que regenerou muitas
civilizações moribundas – Meffesoli, M. Le temps dês tribus, op. cit.
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