sábado, 27 de setembro de 2014

Do ficar em cima do muro, da inutilidade do caminho do meio




Não há nada mais prejudicial ao desejo do que "ficar em cima do muro". Não se colocar em posição alguma, não engendra máquina alguma, que não seja a máquina de ociosidade. Ao se colocar em determinada posição, o desejo engendra, criando rizomando-se, criando multiplicidades, pois há um objetivo, que não lhe falta, mas que lhe excede. Por exemplo, se as circunstâncias me afeta de tal forma, que circunstancialmente, por questões maquínicas de desejo, eu escolho/desejo ir até Roma. Eu criarei métodos, bruxarias, falcatruas para que eu deseje lá. Ao contrário, de quem fica no mundo, ficar no muro, é sinônimo de ideais ascéticos, é sinônimo que não querer por a "mão na merda", é sinônimo, de não desejar, e comer o que lhe servem a mesa. Não há nada mais reativo, que "ficar em cima do muro", pois até mesmo a dominação, parte do desejo. Como é o caso dos masoquistas. O ficar em cima do muro, é não se reconhecer com nada, nem ninguém, e na mesma proporção que eu não escolho ninguém, eu escolho a todos ao mesmo momento. Sujeitando-me aos desejos outros. Sujeitando-me o ao desejo dos outros, pois me ociosidade, impede-me me engendrar sozinha, a minha máquina desejante. E isso nada tem haver com lógica, nada tem haver com estrutura, ou nada tem haver com extremos, longe de mim os extremos, pois o desejo caminha por entre pedras, por debaixo delas, até mesmo. Como diz um grande jargão: "Não existe meio termo. O muro já tem dono”.

O QUE É, POIS A UNIVERSIDADE SENÃO A REPRODUÇÃO DE UM CONHECIMENTO CIENTIFICO? Notas e pensamentos soltos.

A educação é incansavelmente tema de pesquisa em nosso país, o fomento a essas pesquisas, também é enorme e a cada dia, surge mais e mais teorias a respeito, inúmeros autores, pesquisas, teorias para conceituar, isto também implica dizer, criar ferramentas, para o ensino-aprendizagem, relação que envolve aluno e professor, e claro, vários aspectos que rodeiam esses dois. Porém, a única coisa (curiosamente) que se mantém estática nesse âmbito de pesquisa em educação, é o objeto de estudo. A escola, o professor, o aluno e toda a rede que permuta esses envolvidos. E ai, eu voltado ao titulo, o que é a universidade senão a reprodução do conhecimento cientifico?

O conceito "universidade" se vangloria de seu tripé maravilhoso que é "pesquisa-extensão-ensino", pois elas atuam de forma completamente distintas, e tal como um tripé, seus pés são quase que emergencialmente separados um do outro. O ensino, por exemplo, separa-se, geralmente (e muito) da pesquisa e catastroficamente da extensão. Resumindo-se ao ensino, poucas palavras sobre "o que é comentado na área" em que a disciplina se propõe a discutir, "fulano falou isso e aquilo" e "faça essa provinha aqui". É completamente um absurdo, pois o aluno fica muito distanciado da aprendizagem. É como se para o universitário, o "ver assunto", fosse uma garantia de que ele está aprendendo (e ai dele se não aprender).

A partir disso, nascem complicações ainda maiores, que competem à metodologia de ensino de professor e apropriamento para "passar assunto". Não há lógica mais absurda que essa, a meu ver. As disciplinas (me arrepia só por conta desse nome) se estruturam em tese, em três ou quatro capítulos de algum livro, dois artigos e duzentos e tantos slides que o professor passa em sala de aula (do qual alguns alunos, tiram fotos, pois serve para aprendizagem, de forma também muito curiosa, pois desconheço esse método) e é a partir disso que o professor "reproduz o conhecimento". E é cobrado do aluno isso. Ao sair da "disciplina", é como se o aluno fosse "mestre" daqueles assuntos, porém em minha opinião, essa é uma afirmação muito duvidosa.

E esse texto não é uma tentativa de culpabilização dos professores, não mesmo, quero deixar claro que a culpa não é de ninguém, é esta lógica de aprendizagem que é completamente fajuta, e mais ainda como reagimos a ela. Os alunos, também, que é a "parte mais importante do processo", são outros tantos "desencabeçados". A verdade é que ninguém gosta de estudar, também pudera com um sistema desses, mas que esse argumento não seja uma desculpa para "não estudo por que tem esse, esse e esse problema". Das poucas tentativas de mudança que há neste meio, pouquíssimas são aproveitadas, pois os alunos, acostumados ao ócio que se dá em sala de aula, reagem muito pouco a essas "inovações".

Ai, um reacionário qualquer, pode pensar ou escrever "ah mais ele só sabe criticar, só vem com essas ideias pessimistas querer frustrar minha ideia romântica de educação", "ele não está escrevendo dentro das normas da ABNT", "não é cientifico", bla bla bla. Acredito que só é possível mudar o macro, a partir do micro, é necessário criar microrrevoluções, para quem sabe, mudar nem que seja um pouco a estrutura do macro. E não vejo maneira adequada, para manifestar uma microrrevolução, de "maneira etiquetada", quem faz isso, para mim, ainda está sobre forças reativas. O ressentimento, diz Nietzsche, é aquilo o qual não podemos nem digerir, tampouco vomitar, criando assim o remorso, o ruminar nietzscheano. Por isso sou a favor do vômito, do escarro, do cuspir, tudo aquilo que incomoda. Tudo aquilo, que faz calar, tudo aquilo que faz apodrecer, até mesmo a aprendizagem.